Após a entrega de mais um trimestre com queda nas receitas e ampliação do prejuízo e da dívida, a Oi assegura: a expectativa ainda é positiva. Em grande parte devido à estratégia de migração do fluxo de receitas para serviços com maiores margens e retornos, como a fibra, o pós-pago, o corporativo e o atacado. Mas também por conta da expectativa de desinvestimentos que deverão acontecer já neste semestre e ao longo do próximo ano. Com tudo isso, a operadora ainda espera aumentar o Capex total de 2019 em R$ 500 milhões, somando R$ 7,5 bilhões.
Para avançar no mercado de banda larga fixa, a Oi mantém o foco no atendimento de fibra até a residência (FTTH). “A queda na receita é significativa basicamente por conta do cobre. É muito cedo para presumir algo para este ano, mas a estratégia de fibra é positiva; precisamos investir forte. Os resultados têm sido encorajadores e ultrapassaram as expectativas”, declarou o CFO da Oi, Carlos Brandão, durante teleconferência de resultados nesta quinta-feira, 15. A empresa espera que a transição das receitas da fibra para o cobre “ainda vá levar algum tempo”, mas que já é possível observar “saltos” no fluxo de receitas residências com a nova tecnologia.
Há o reconhecimento de que a posição de caixa no trimestre é um desafio para o Capex, mas ele afirma ser um ciclo natural de gastos próprio do setor de telecomunicações. O executivo entende que o próximo estágio deverá já observar o aumento do top line (receitas) e de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA). De qualquer forma, a companhia já aumentou os investimentos no trimestre em mais de 50%, e planeja um incremento total de R$ 500 milhões em 2019. “Esperamos Capex de mais de R$ 7 bilhões este ano, estamos vendo cerca de R$ 7,5 bilhões. No ano que vem, será algo em torno de R$ 7 bilhões também, estamos discutindo isso internamente.”
Outra justificativa é que a queima do caixa registrada era esperada: o fluxo de caixa operacional de rotina ajustado foi negativo em R$ 469 milhões no trimestre. “Não tem surpresa, já anunciávamos desde o começo que iríamos investir mais do que o EBITDA”, declarou. Assim, a empresa mantém a meta do plano estratégico divulgado em julho, dizendo-se confiante em entregar os recursos para os investimentos. “Além disso, estamos analisando internamente [medidas] como emissão de títulos de dívidas, aumento de capital e financiamento”, diz. Além disso, apesar da queda, a confiança é que o EBITDA volte a crescer com a mudança no mix de negócios, desacelerando a margem de tecnologias legadas como cobre e DTH, avançando nos fluxos com melhores retornos, como FTTH e atacado.
Desinvestimentos
Enquanto o foco permanece na fibra, a operadora também fala em “explorar oportunidades” para incentivar um maior retorno no segmento móvel, incentivando a migração para o pós-pago e continuando a “expansão seletiva” do refarming em 1.800 MHz para cobertura 4,5G. De qualquer forma, Carlos Brandão avisa que a empresa ainda está “avaliando todas as opções estratégicas para maximizar o valor” da área. Isso quer dizer que se considera o desinvestimento da Oi Móvel.
Se por um lado a venda dessa unidade ainda não é fato consumado na estratégia da empresa, a expectativa de outros desinvestimentos continua conforme esperado, segundo o CFO. Tanto a venda de torres no Brasil como a venda da participação na angolana Unitel deverão acontecer no quarto trimestre deste ano – neste último caso, o executivo ressalta que as negociações já estão em “estágio avançando” e caminhando bem. A venda de data centers deverá acontecerá no primeiro semestre do ano que vem, enquanto a do conjunto de outros ativos ficará para o final do ano. Finalmente, na primeira metade de 2021, a empresa espera concluir a venda de imóveis. Todas essas operações somadas resultariam em um total de R$ 6,5 a R$ 7,5 bilhões. Além disso, a tele contabiliza recursos do aumento de capital de R$ 6 a R$ 7 bilhões, e do impacto da decisão judicial de retirar o ICMS do cálculo do PIS/Cofins, que resultará em mais R$ 2,1 bilhões.