A Abese (Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança) estima que o Brasil precisa de um prazo de, ao menos, três anos para desligar as redes 2G e 3G. Em conversa com o Mobile Time nesta quinta-feira, 15, a presidente da associação de segurança eletrônica, Selma Migliori, afirmou que muitos equipamentos de segurança eletrônica trabalham em redes 2G.
A ideia da associação é trabalhar junto à Anatel para os padrões antigos não serem desligados até que o LTE e a quinta geração ganhem mais capilaridade. A presidente da entidade reforçou que “sem conectividade não há segurança eletrônica”.
Lembrou ainda que a Abese contribuiu na última tomada de subsídios da Anatel e que o regulador se comprometeu com o cronograma para o mercado se preparar para isso. Disse que o desligamento ocorrerá naturalmente nas regiões que têm equipamentos 4G.
A base instalada de devices 2G de segurança passa dos 21 milhões no Brasil. “São equipamentos que estão aplicados no nosso setor para monitoramento, portaria remota e rastreamento. Então seria um impacto muito grande a troca de tecnologia para as nossas empresas da noite para o dia. Por isso pedimos esse prazo de três anos mais para que ocorra o desligamento junto das operadoras”, explicou.
Se considerar os dispositivos que têm conectividade também em 4G, o número chega a 42 milhões.
Vale lembrar que a posição da associação é até modesta, se considerar o pedido da Abecs e das adquirentes que pedem cinco anos para o desligamento do 2G e 3G.
Estatuto
Migliori também celebrou a aprovação do estatuto de segurança privada no Senado Federal na última terça-feira, 13. O projeto de lei que aguarda sanção presidencial separa os provedores de serviços de segurança eletrônica dos profissionais de segurança privada, o que dá mais segurança jurídica para as empresas do setor.
A presidente da Abese também afirmou que o substitutivo ao PL 135/2010 enquadra a folha de pagamento no rol correto, uma vez que a Receita Federal chegava a cobrar até 28% mais impostos do que deveria e que o grau de risco passa a ser menor, grau dois, ante a segurança privada (que é grau três por usar armas).
Reforçou também que o profissional de instalação, manutenção e monitoração de equipamentos de segurança precisa ser credenciado junto à Polícia Federal e não ter antecedentes criminais, uma vez que cuidam da segurança das pessoas em suas residências e negócios.
“Nós temos ainda muitos desafios adiante. Temos agora a regulamentação da lei. Mas o texto deixou algumas brechas e vamos trabalhar para preenchê-las e não ter nenhuma má interpretação”, disse, ao dar como exemplo não ser exigido da empresa de segurança eletrônica ter sede própria, algo que empresa de vigilância patrimonial e segurança privada precisam por causa das armas.
Migliori prevê que o mercado de segurança eletrônica, que cresce em uma média anual de 10% ao ano, pode crescer 20% nos próximos anos, além de gerar mais empregos. Atualmente, o setor responde por 3 milhões de empregos diretos e indiretos.
Imagem principal: Arte de Nik Neves para Mobile Time