A fabricação de smartphones com as marca de operadoras, estratégia que chegou a ser relativamente comum no passado, está voltando à moda. Algumas teles de grande porte ao redor do mundo estão optando por encomendar modelos com configurações específicas para serem vendidos com seus nomes. O objetivo, em geral, não é fazer dinheiro com a venda dos aparelhos, mas atender a uma necessidade própria de construção de base de terminais para fomentar algum serviço ou tecnologia estratégicos para a operadora. Exemplos da China Mobile, da Orange e da EE foram apresentados durante o 3G/LTE Summit, em Hong Kong, nesta terça-feira, 15.

A China Mobile lançou em junho deste ano o A1, seu primeiro smartphone com VoLTE (Voice over LTE, ou seja, serviço de voz sobre a rede 4G). O produto custa US$ 150 e seu desenvolvimento faz parte da estratégia da operadora de fomentar o uso de VoLTE, que incluirá o lançamento de outros serviços de valor adicionado, como vídeo-chamadas. No ano que vem, a China Mobile deseja ter em seu portfólio de aparelhos uma vasta variedade de modelos com VoLTE, sejam com a sua marca ou de terceiros, para todas as faixas de preço, desde telefones de entrada até flagships. A empresa espera que já em 2016 venderá mais aparelhos com VoLTE do que sem VoLTE. A produção de smartphones próprios também será usada para fomentar a convergência de redes 4G dos padrões TD-LTE e FDD-LTE: o primeiro é usado pela China Mobile e o segundo é o predominante no Ocidente.

Na França, dez anos atrás, 90% dos celulares eram vendidos através de canais das operadoras, a maioria com subsídios. De lá para cá, o cenário mudou e hoje metade das vendas acontecem no chamado mercado aberto, ou "open market": são celulares desbloqueados vendidos por redes varejistas e sem subsídio. Agora, a tendência está se invertendo, conforme as operadoras investem em modelos com suas marcas. Nas vendas da Orange, por exemplo, os recém-lançados celulares de marca própria já estão em terceiro lugar em market share, com 12% de participação, atrás apenas de Samsung e Apple. "Não vendemos apenas mais um smartphone. Vendemos um aparelho que foi configurado e testado para funcionar bem na nossa rede. E junto com ele comercializamos garantia estendida, serviços financeiros móveis etc. As pessoas estão voltando a confiar nas marcas das operadoras. Acreditamos que a tendência é as teles dominarem em torno de dois terços das vendas de smartphones na França, enquanto o mercado open ficará com um terço", explicou Yves Maître, vice-presidente executivo de parcerias e objetos conectados da Orange. Os aparelhos da tele francesa vêm com NFC e podem ser usados em seu serviço de carteira móvel por aproximação.

A inglesa Everything Everywhere (EE) também tem investido em aparelhos próprios. No seu caso o objetivo é levar o 4G para os segmentos com menor poder aquisitivo. Hoje, da sua base de 27 milhões de assinantes, 12 milhões acessam a rede 4G. A expectativa é chegar a 15 milhões ao fim do ano

Análise

O retorno das operadoras ao mercado de handsets só é possível graças à existência de um amplo e competitivo mercado de fabricantes de aparelhos sob encomenda. Também foi decisiva a atuação de desenvolvedores de chipsets, como a Qualcomm, que oferecem opções de design de referência de terminais para qualquer empresa produzir o seu smartphone.

 

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