O Wally é um dos primeiros apps criados no Oriente Médio a alcançar um sucesso global. Desenvolvido por uma empresa homônima em Dubai, nos Emirados Árabes, ele é um gestor de finanças pessoais (Android e iOS) que conta hoje com mais de meio milhão de usuários no mundo. O que seu fundador não esperava era que o Brasil se tornasse tão rapidamente a sua segunda maior base de usuários, atrás apenas da Índia.
"Desde o começo decidimos investir no Brasil e localizar o app para o público brasileiro, mas não imaginávamos que daria tão certo", relata Saeid Hejazi, um dos fundadores e CEO do Wally, em conversa com MOBILE TIME. "Se continuar avançando desse jeito, teremos que firmar parcerias locais. Não queremos que língua seja uma barreira. Queremos gente que entenda a cultura local", acrescenta. E é provável que a base brasileira cresça ainda mais, porque a versão beta em Android do Wally foi lançada há poucas semanas e conta hoje com apenas 30 mil usuários no mundo. A versão para iOS, por sua vez, foi lançada em 2013 e ainda representa a maior base, com 500 mil usuários no mundo.
Hejazi atribui o sucesso no Brasil ao fato de ser um país jovem, onde a geração na faixa entre 25 e 35 anos, com grande acesso à tecnologia, está tendo a primeira experiência de morar sozinho ou constituir família e precisa controlar seus gastos. O Wally foi desenhado para ser atraente aos mais jovens, não apenas pelo design, mas por tentar contextualizar os gastos, coletando automaticamente o local de cada despesa. "A abordagem do Wally é diferente porque foca na nossa geração, nos jovens. Prestamos atenção na experiência em torno das despesas. Focamos em quem você é, onde está e com quem está quando gasta seu dinheiro", explica o executivo.
O app compara as despesas do usuário com aquelas de outras pessoas com o mesmo perfil. Para tanto, é levado em conta renda mensal, bairro onde mora e hábitos de compras que permitem identificar se a pessoa tem ou não filhos, se bebe ou não álcool, além de outras características que impactam suas finanças. Além disso, como a maioria dos gestores de finanças, provê relatórios e gráficos para que o usuário consiga monitorar melhor seus gastos.
O Wally é gratuito, mas pretende adotar o modelo "fremium", lançando ainda este ano algumas funcionalidades pagas voltadas para nichos, como pais de família que querem administrar os gastos dos filhos separadamente ou gente que viaja muito e precisa de um conversor de moedas embutido no app.
Investimento
A empresa recebeu um primeiro aporte de investidores-anjo e pretende passar por uma rodada de investimentos este ano. Seu objetivo é levantar entre US$ 5 e US$ 6 milhões para viabilizar a expansão internacional. "É barato criar app. Difícil é crescer e sustentar o crescimento. O que acontece quando se alcança1 milhão de usuários? Garantir a escalabildiade é o nosso desafio agora", comenta.
Embora a empresa esteja sediada em Dubai, o empreendedor não demonstra muito otimismo quanto a receber aportes de investidores da indústria petrolífera. Ele explica que o problema é menos a queda no preço do barril do petróleo e mais o perfil do investidor. Diz que é difícil convencê-los a apostar em uma start-up cujo modelo de negócios ainda não está provado.
A equipe do Wally é formada atualmente por apenas seis pessoas. Se obtiver sucesso na primeira rodada de investimento, a ideia é contratar mais 20 funcionários ao longo do ano, diz Hejazi.