A escola municipal Manoel Domingos de Melo, na cidade pernambucana de Vitória de Santo Antão, a 53 Km de Recife, é a primeira da zona rural no Brasil a receber cobertura 4G com small cells. Ela faz parte do projeto Escolas Rurais Conectadas, da Fundação Telefônica, e vai servir de laboratório para a adoção dessa tecnologia em outras escolas. Também foram distribuídos 140 tablets com uma capa especial protetora para os alunos, que passarão a contar com oficinas especiais de robótica, animação, criação de jogos, programação e podcasts ministradas por professores do CESAR. Os tablets vêm equipados com um chip 4G da Vivo com franquia de 5 GB por mês. A inauguração do projeto aconteceu nesta quarta-feira, 16.
Foram instaladas duas small cells 4G para cobrir a escola. Um link de rádio com 40 Mbps de capacidade serve de backhaul. Vale lembrar que o resto da cidade de Vitória de Santo Antão ainda não conta com cobertura 4G. Ou seja, por enquanto, somente dentro da escola é possível se conectar com essa tecnologia.
Segundo representantes da Qualcomm, parceira tecnológica da Telefônica nessa iniciativa em Pernambuco, o uso do 4G teria um custo total menor que o Wi-Fi para as escolas, porque não requer a contratação de uma equipe de TI para a gestão e a manutenção da rede. O presidente da empresa para América Latina, Rafael Steinhauser, destaca ainda a simplicidade de gestão com 4G em comparação com Wi-Fi: neste último a administração da escola precisa lidar com firewall, load balance, senhas de acesso etc. Muitas escolas públicas nem contam com um profissional de TI atualmente.
A instalação de uma infraestrutura 4G em todas as escolas públicas do Brasil, incluindo o custo com planos de dados com os dispositivos distribuídos aos alunos, consumiria entre 3% e 4% do orçamento anual do governo federal com educação, calculam as empresas.
Educação
A empolgação dos estudantes com a chegada dos tablets foi testemunhada pelos jornalistas convidados para o evento. São alunos do ensino fundamental, com idades entre sete e doze anos. Eles poderão levar os equipamentos para casa, mas os pais assinarão um termo de responsabilidade, pois os devices pertencem ao colégio e deve ser devolvido ao fim do ano letivo.
Este é o segundo laboratório de educação implementado pela Fundação Telefônica no Brasil. O primeiro fica em Viamão, no Rio Grande do Sul, mas nele é usado Wi-Fi para a cobertura indoor. Como parte do projeto, os professores das escolas recebem treinamento on-line à distância, em uma plataforma fornecida pela fundação com mais de 40 cursos. Os resultados do uso da tecnologia nessas escolas serão acompanhados pela Unesco. A ideia com essas experiências é gerar um guia de boas práticas para servir de modelo para outras escolas públicas no País.
"Essa é uma integração entre iniciativa privada, poder público e academia, com o CESAR. Costumo dizer que sozinho nós vamos mais rápido, mas juntos nós vamos mais longe. A educação não é uma corrida de 100 metros, mas de longa distância", comparou o presidente da Fundação Telefônica, Américo Mattar. A entidade já forneceu conexão para mais de 10 mil escolas rurais no Brasil e investe R$ 8 milhões por ano nesse projeto.