Accenture

Paul Dogherty, CTO da Accenture

O CTO da Accenture, Paul Dogherty, acredita que a visão do metaverso globalmente ainda está distorcida. Durante o evento Tech Vision 2022, Dogherty defendeu que a tecnologia mudará o mundo, o comércio e trará avanços na tecnologia, mas acredita que é necessário dar um passo para trás para desenhar e delimitar o seu cenário atual.

“Quando falamos de metaverso, ainda está tudo muito confuso. Nós ouvimos diferentes conceitos e visões. Portanto, precisamos nos afastar um pouco e pensar, antes de emoldurar o futuro”, disse o executivo. “O metaverso vai impactar o mundo e os negócios de diferentes formas. Pense nos usuários, a forma de consumo de novos produtos; as empresas como vão  distribuir esses produtos; e a criação dos gêmeos digitais (digital twins). Veremos o mundo do trabalho caminhar do físico para o virtual, e mesmo no virtual, do 2D para 3D, pois nem todo mundo terá acesso a tecnologias avançadas como realidade aumentada, realidade virtual e edge computing no começo”, completou.

Dogherty apresentou uma pesquisa inédita sobre o metaverso. Feita com 4,6 mil líderes de negócios de TI em 35 países, inclusive do Brasil, a análise descobriu que 71% dos executivos acreditam que o metaverso terá um impacto positivo em suas organizações e 42% acreditam que será revolucionário ou extremamente transformador.

Metaverso é logo ali

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Evolução da Internet, dos dados ao metaverso

Mesmo sendo uma tecnologia que é para o futuro, o CTO da Accenture afirmou que os empresários estão trabalhando em conceitos que darão alicerce ao metaverso. Para isso, corroboram os seguintes dados do estudo:

  • 96% dos executivos afirmam que suas organizações estão comprometidas em autenticar a origem dos dados e o uso genuíno de IA;
  • 95% dos entrevistados acreditam que as futuras plataformas precisam oferecer experiências unificadas e com interoperabilidade de dados dos clientes;
  • 94% concordam que o sucesso de longo prazo dependerá do uso da computação de próxima geração em problemas que hoje são impossíveis de serem resolvidos;
  • 92% imaginam que as organizações líderes ultrapassarão as barreiras entre o mundo físico e o mundo virtual.

Vale dizer que embora 14% dos executivos dizem que a pandemia do novo coronavírus provoca mudanças em planos de negócios e operações em suas empresas. 86% afirmam que se adaptaram à crise sanitária e encontraram um novo normal. Para Michael Biltz, diretor executivo da Accenture, a mudança da tecnologia na pandemia é um dos motivos para a sociedade discutir o metaverso, não por um player do mercado que apresentou o conceito (leia-se Meta).

“Se voltarmos dois anos, a Covid-19 embaralhou o mundo. Bagunçou a cadeia de suprimentos, o trabalho e as pessoas. Nós percebemos na pesquisa deste ano que as companhias começaram a avançar em tecnologias de ponta, como nuvem e conectividade. Porém, o fato é que estamos nos movendo rápido demais nesses dois anos e estamos fazendo isso no escuro”, afirmou Blitz.

Exemplos

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Stephane Lannuzel, diretor da L’Oreal

“Hoje nós falamos do metaverso por causa do progresso da tecnologia. A adoção é rápida e está acontecendo em lugares que as pessoas não imaginaram, nas empresas. Não é no videogame, como todo o mundo esperava. Estamos vendo companhias usando gêmeos digitais e criando mundos virtuais”, completou o diretor da Accenture.

Um dos exemplos de empresas que estão iniciando suas jornadas no metaverso e que foi apresentado pela Accenture no evento desta quarta-feira, é a L’Oreal. De acordo com diretor do programa beauty tech da companhia, Stephane Lannuzel, a criação de gêmeos digitais dos equipamentos na produção permite “aprender, interagir e ter boa sintonia” na manufatura. Explicou ainda que quando a Covid-19 afetou o mundo, a companhia continuou com suas fábricas ativas, pois parte do time era conduzido via realidade virtual por outros funcionários que estavam em casa.

Outro modelo apresentado foi a própria Accenture. A companhia criou o seu mundo digital, o Nth_Floor, um espaço que permite a integração e a aprendizagem imersiva e deve ter 150 mil funcionários atuando em seu metaverso neste ano fiscal. Foi criado o grupo de negócios Accenture Metaverso Continuum, focado em guiar os clientes da consultoria no metaverso. Esse grupo será coordenado por Daugherty e David Droga, CEO e diretor criativo da Accenture Interactive.

Bônus e ônus do metaverso

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Executivos da Accenture discutindo resultados da pesquisa e o futuro do Metaverso em painel

Se o metaverso é visto como um avanço na sociedade e nos negócios, Denise Zhang, analista de inteligência de mercado sênior da Accenture, afirma que há perigos na tecnologia. A executiva explica que as empresas que criam produtos e plataformas para o metaverso precisam ter “responsabilidade por design”. Ou seja, um produto desenhado com o usuário no centro, com políticas de proteção e controle mais granular das informações aos usuários.

Outro ponto de preocupação citado por Zhang são as propriedades intelectuais. Em sua visão, a criação e o consumo das IPs serão mais fluidas, portanto, precisarão de mais proteção. Mas, acima de tudo, ela clama por igualdade no uso desta tecnologia.

“É preciso tornar os dispositivos mais acessíveis e menos custosos. Se isso acontecer, a tecnologia trará oportunidade para todos”, disse. “Nós precisamos começar a criar essa tecnologia agora e trazer mais pessoas, empresas, governos e sociedade para desenvolver em conjunto”, completou.

 

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