A indústria de robôs de conversação no Brasil está empenhada em contribuir no combate ao novo coronavírus. Diversas iniciativas foram lançadas ao longo das últimas semanas por várias empresas do setor no País, desde templates para bots informacionais sobre a doença para a utilização por órgãos públicos, até oferta de mão de obra especializada para a criação de projetos customizados com essa mesma finalidade, passando pela disponibilização gratuita de plataformas e ferramentas de desenvolvimento.

Infobip, Take e Zenvia, três das maiores companhias do setor em atividade no Brasil, disponibilizaram suas plataformas para uso gratuito por órgãos de saúde pública. E várias outras empresas dessa indústria, como Botmaker, Smarkio, Smarters, Aivo e Ícaro Tech, estão engajadas de diferentes formas na mesma luta.

A iniciativa da Take foi batizada como Corona Info e consiste em conceder créditos para o uso de sua plataforma BLiP e para apoio de seus profissionais no desenvolvimento de bots de combate ao coronavírus em canais de mensageria. O primeiro governo a aceitar a ajuda foi o do estado de São Paulo, que construiu um bot informacional sobre o coronavírus no WhatsApp. Outros cinco projetos estão em desenvolvimento via Corona Info. “Definimos como prioridade número 1 para a Take, desde março, nossa iniciativa Corona Info. Conhecemos o poder da nossa plataforma e acreditamos que podemos ajudar muito no combate à epidemia. Conseguimos o apoio de nossos principais parceiros e vamos fazer algo realmente importante. Não temos dúvida que neste momento é importante que todos, como indivíduos ou empresas, deem a sua contribuição”, diz Roberto Costa, CEO da Take.

A plataforma da Infobip, por sua vez, está sendo adotada por ministérios da saúde e centros de controle de doenças de diversos países, também gratuitamente. Estão previstos os lançamentos de cerca de 30 bots relacionados ao combate ao novo coronavírus usando a plataforma ao redor do mundo, incluindo países como Reino Unido, França, Alemanha, Croácia, Índia e Paquistão. “Oferecemos nossa plataforma para quem estiver fazendo qualquer tipo de comunicação em cima da Covid-19 durante esta crise. Entendemos que a Infobip tem um dever social, não queremos lucrar com o problema, mas contribuir”, explica Yuri Fiaschi, vice-presidente de vendas da companhia.

A Zenvia desenvolveu um bot na web para facilitar a triagem de doentes com Covid-19. A partir de uma série de perguntas sobre os sintomas, o robô de conversação orienta o que a pessoa deve fazer, inclusive com a indicação dos postos de saúde mais próximos, de acordo com a localização do respondente. O protocolo foi desenvolvido pelo núcleo TelessaúdeRS-UFRGS seguindo as orientações do Ministério da Saúde. De acordo com o CEO da Zenvia, Cássio Bobsin, a iniciativa tem como objetivos dar o melhor encaminhamento possível à população em relação aos sintomas; reduzir a sobrecarga nos hospitais e unidades de saúde; e diminuir transmissão comunitária em locais de alto risco. A solução está disponível gratuitamente para órgãos públicos, especialmente secretarias estaduais e municipais de saúde. Os interessados devem entrar em contato pelo email [email protected].

Bots sob medida

Há também várias iniciativas pro-bono de bots sendo criados sob medida de acordo com as necessidades de diferentes órgãos públicos. É o caso da prefeitura de Itajubá, em Minas Gerais, que está treinando um bot com o motor de processamento de linguagem natural da Smarkio para atendimento remoto a pacientes com suspeita de Covid-19. Neste momento, 20 profissionais de saúde da prefeitura realizam o atendimento à distância e suas conversas alimentam o sistema para que em breve o bot possa assumir parte da interação. “No decorrer do tempo, vamos colocando o sistema cognitivo no lugar das pessoas. Conforme ele fica mais inteligente, a gente vai adicionando funcionalidades para o usuário”, explica Alex Rocha, cofundador da Smarkio. O que for aprendido com esse robô servirá de base para quaisquer outros de atendimento de saúde que venham a ser lançados em outras cidades ou estados em parceria com a Smarkio. A empresa também está contribuindo com o desenvolvimento de outros dois assistentes virtuais cognitivos relacionados à pandemia. Um deles vai servir ao projeto “Ajude o pequeno“, um marketplace que fomenta a compra junto a pequenos produtores e estabelecimentos locais. O outro será utilizado para angariar doações para a compra de cestas básicas para a população carente de Itajubá.

Governos na Argentina, no Chile e no Uruguai, assim como alguns estados brasileiros, aceitaram a ajuda da Botmaker para construirem bots informacionais sobre o combate ao novo coronavírus. Os servidores públicos estão sendo capacitados pela empresa para gerirem os robôs de conversação. “É gratificante percebermos que de alguma forma conseguimos ajudar. E temos que segurar um rojão, porque tem custo de processamento envolvido. Mas estamos fazendo a nossa parte”, diz Fernando Strabelli, country manager da Botmaker.

Funcionários da Ícaro Tech que trabalham na área de inteligência artificial criaram por conta própria um bot em português no Facebook Messenger para tirar dúvidas sobre o novo coronavírus. Batizado como Patch Adams, ele reúne informações de fontes confiáveis, como a Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde, e as transmite na forma de um diálogo por texto com quem iniciar uma conversa. Recomendações sobre prevenção, descrição dos sintomas e números sobre a pandemia são alguns dos dados transmitidos pelo chatbot.

Mão de obra voluntária

Há também quem ofereça sua mão de obra especializada para ajudar quem precise criar um bot de combate à pandemia. O Facebook está atuando como uma espécie de hub internacional para essa finalidade: convocou seus desenvolvedores parceiros do mundo inteiro a se inscreverem como voluntários e direciona para eles os pedidos de ajuda que aparecem por parte de governos e órgãos de saúde. A brasileira Smarters é uma das que se candidatou. “Nós colocamos nosso time à disposição das equipes do Messenger e WhatsApp para apoiar em suas respectivas campanhas”, relata Pietro Bujaldon, cofundador da Smarters.

Plataforma para organizações sem fins lucrativos

Vale mencionar também a iniciativa da Aivo, que liberou o uso das suas soluções de chatbots e live chat para organizações sem fins lucrativos, permitindo que elas criem bots em canais digitais como web, WhatsApp, Messenger e aplicativo móvel.

 

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