| Publicada originalmente no Teletime | Entidade que representa globalmente as operadoras de telecom, a GSMA publicou um novo estudo sobre a cadeia de valor da Internet apontando impacto no retorno de capital do setor diante da abordagem “assimétrica” recebida em comparação com as big techs.
Produzido pela consultoria Kearney, o relatório estimou em US$ 6,7 trilhões as receitas do ecossistema global de Internet, frente aos US$ 3,3 trilhões em 2015. No período, a fatia dos recursos destinada ao segmento de serviços online (que reúne empresas como Google, Facebook, Amazon e Netflix) teria crescido de 48% para 57% do total, de acordo com a GSMA.
Ao mesmo tempo, a parcela das empresas responsáveis pela infraestrutura de acesso à Internet teria recuado de 18% para 15%, aponta o estudo. O desencontro teria refletido em um retorno de capital menor frente às big techs e empresas de aparelhos para o consumidor final.
“Nos últimos seis anos, os retornos totais médios para acionistas do segmento de conectividade e acesso à Internet ficaram quase estagnados, enquanto outros segmentos têm pelo menos dobrado o pagamento para investidores. Alguns players de interface [com o consumidor, ou aparelhos] entregaram crescimento de quase seis vezes no mesmo período”, argumentou a GSMA, que pediu a formuladores de políticas públicas a redução dos “desequilíbrios”.
As conclusões ecoam o ponto defendido há algum tempo pela cadeia de telecom, que pleiteia o fim da abordagem diferenciada entre o setor e as gigantes de Internet. Para corrigir tais distorções, a GSMA defende a revisão de aspectos como regulamentação, restrições e impostos específicos do setor.
Mudanças seriam ainda mais necessárias em um momento onde as gigantes de Internet estão ampliando consideravelmente o escopo de atuação para outras verticais, ampliando assim o que a associação das teles móveis chama de “controle do ecossistema”.
Presidente da entidade setorial e CEO da Telefónica, José María Álvarez-Pallete também endereçou os aspectos em comunicado distribuído pela GSMA à imprensa. “À medida que alguns setores da cadeia de valor da Internet prosperam, as demandas de investimento na infraestrutura da qual esses setores dependem para crescer estão pressionando as operadoras de rede. Valorizamos o reconhecimento cada vez maior desta questão pelos formuladores de políticas e à medida que a economia baseada na Internet expande em todos os setores na próxima década.”