92 milhões de pessoas acessam a Internet somente pelo celular. O número representa 62% da população brasileira, de acordo com a última edição da pesquisa TIC Domicílio 2022, lançada nesta terça-feira, 16, pelo CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil) e realizada pelo NIC.br (Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR). O uso do dispositivo móvel é predominante nas classes DE (84%), entre mulheres (64%), pretos (63%) e pardos (67%).
Dos 149 milhões de usuários de Internet (a partir de 10 anos) em todo o território nacional, 142 milhões se conectam todos os dias ou quase todos os dias. Destaque para as classes A (93%) e B (91%) e, em menores proporções, nas C (81%) e DE (60%).
No outro extremo, cerca de 15 milhões de domicílios não possuem acesso à Internet. Entre os motivos estão: falta de habilidade com o computador (69%), falta de interesse (63%), falta de necessidade (44%) e preço (39%). Ao todo, 36 milhões de brasileiros não são usuários da rede. Esse grupo localiza-se predominantemente nas áreas urbanas (29 milhões); possui grau de instrução até o Ensino Fundamental (29 milhões); é composto por pessoas pretas e pardas (21 milhões); das classes DE (19 milhões); e com 60 anos ou mais (18 milhões).
Habilidades digitais e desinformação
A TIC Domicílio avaliou pela primeira vez as habilidades digitais dos usuários da Internet, independentemente do dispositivo utilizado para o acesso. Pouco mais da metade dos entrevistados disse ter buscado verificar se uma informação que encontrou na rede era verdadeira. Porém, quando o acesso da pessoa acontecia somente pelo celular, a porcentagem caiu (37%), ao contrário daqueles que se conectavam por múltiplos dispositivos (74%).
O mesmo acontece para quem adotou medidas de segurança para proteger dispositivos e contas online – como senhas fortes e verificação em duas etapas. 33% daqueles que usam apenas o dispositivo móvel para acessar a Internet fizeram uso de medidas de segurança, ao passo que a porcentagem sobe (69%) entre aqueles com mais de um dispositivo de acesso à Internet. “Proteção de dispositivos e contas, há de se falar, muitas vezes são fatores introduzidos pelas próprias plataformas e não necessariamente uma iniciativa dos usuários”, comentou Fábio Storino, coordenador da pesquisa TIC Domicílios.
Já para Renata Mielli, coordenadora do CGI.br, durante a apresentação da pesquisa, acessar a Internet pelo dispositivo celular é uma limitação para se ter um uso adequado de todas as ferramentas da Internet.
“Essa TIC traz alguns dados sobre os indicadores de habilidades digitais que mostram que quem checa a informação é, de forma majoritária, aqueles que têm acessos por múltiplos dispositivos e os que acessam apenas por dispositivo móvel têm menos capacidade de checar se a informação é verdadeira, se está fora de contexto. E este é o momento em que a sociedade está dedicada a discutir como enfrentar a desinformação e conteúdos tóxicos que circulam na Internet. Essa pesquisa traz algumas pistas do que o estado brasileiro, manejando políticas públicas, precisa fazer para que a gente possa ampliar o acesso e reduzir a exclusão e melhorar de forma significativa a possibilidade do uso da Internet no nosso País”, resumiu.
No geral, 99% das pessoas acessam a Internet pelo celular. Na segunda posição está a televisão (55%), que já está distante do computador (38%). E com 10% está o console de videogame.
“Em 2014, o computador era o principal dispositivo de acesso à Internet. Ele foi perdendo participação não porque seu uso caiu, mas porque o acesso dos novos usuários da rede era majoritariamente exclusivo pelo celular. Houve ao longo dos anos a universalização do celular como dispositivo para acessar a internet. E agora, a TV está em segundo lugar”, disse Storino.
Metodologia
A TIC Domicílios foi a 23.292 domicílios brasileiros e ouviu 20.688 indivíduos. A coleta presencial aconteceu entre junho e outubro de 2022 e tem como meta medir posse, uso, acesso e hábitos da população brasileira em relação à tecnologia da informação e da comunicação, tanto nas áreas urbanas como rurais.