A disrupção tecnológica em meios de pagamentos deve vir acompanhada de cuidados com a segurança. O assunto foi abordado durante painéis nesta terça-feira, 16, durante a 25ª edição do Ciab-Febraban, evento que discute o impacto das tecnologia no meio financeiro.
No painel intitulado “A evolução tecnológica e o comportamento do consumidor”, a abertura para novas tecnologias foi amplamente defendida. “Novas tecnologias como NFC (Near Field Communication) e a tokenização vão o mudar o mercado nos próximos cinco anos”, afirmou Jefferson Lopes Denti, diretor da Deloitte.
O tema ainda foi defendido por Manoel Fernandes, diretor da Bites Consultoria. Em sua visão, as empresas que não liderarem a disruptação estão fadadas a desaparecer. “Não é a empresa que muda a Internet, mas a Internet que muda sua empresa”, explicou o executivo.
Como exemplo, eles citaram casos de formatos de pagamentos móveis no Starbucks e do banco canadense Tangerine Bank, vinculado ao holandês ING, que tem uma abordagem mais próxima do público jovem.
Segurança e velhas tecnologias
No painel “Tendências dos meios eletrônicos de pagamento”, os palestrantes trataram de defender que antes de abordar novas tecnologias, é necessário que elas se tornem seguras e respeitem o público. “Qualquer que seja a nova tecnologia, não basta ser disruptiva. É preciso que seja segura", afirmou Alexandre Brito, vice-presidente de desenvolvimento de mercado da MasterCard para o Brasil e Conesul. "O melhor exemplo é o chip (de cartão) EMV. Demorou dez anos para ser usado no Brasil. Mas depois o público entendeu, assimilou a tecnologia e o Brasil se tornou um dos maiores parques de chip do mundo”.
Em entrevista para esta publicação após a palestra, Brito ressaltou a importância de manter as novas e as velhas tecnologias trabalhando junto. Citou os diversos formatos de pagamento e seus públicos. “Tudo começa pelo consumidor. Se o consumidor quer usar o celular com SIMcard, vai ter acesso. Se quiser usar o smartphone como pagamento, vai ter. Se quiser usar plástico (cartão), vai ter também”, explica o executivo. “Não adianta ter só usuários da classe A e B pagando com smartphone, também precisa ter das classes C,D e E com outros meios de pagamento. Ou seja: ser uma inclusão financeira por completo”.
A tese também é defendida por Flavio Gonzalez, responsável pela estratégia digital da GetNet no Brasil. Ele explica que cada vez mais os adquirentes, que fazem o elo entre o estabelecimento e as operadoras de cartões, precisam ser multicanais. “Não dá para esperar que um senhor de 80 anos use uma carteira digital. Assim como não dá para esperar que um jovem de 15 anos saque um plástico (cartão) para pagar uma conta”, disse Gonzalez. “As formas de pagamento se multiplicam. Evoluem. É um processo cultural, todas as pessoas fazem parte da cadeia de pagamento. Do ponto de vista da indústria o desafio não é tecnológico, mas de modelo de negócios”, completou.
Importância do usuário
Se por um lado “disrupção e segurança” dominaram a discussão sobre o futuro dos pagamentos móveis, a importância do cliente e da sua experiência foi consenso entre os painelistas, assim como o uso de novos dispositivos em um futuro próximo. “A empresa tem que ser um camaleão no mercado. As fronteiras estão cada vez mais tênues”, disse Guilherme Esquível, diretor administrativo da Accenture no Brasil. “O grande pendor da balança hoje é a experiência do usuário”.
Para Gustavo Carrer, consultor especialista do Sebrae-SP, a tecnologia em si é o divisor de águas das finanças, sendo que o principal motivador desse impacto é o usuário final, não as corporações. “A partir do momento que passou a ter o sistema de pagamento em mãos, com o smartphone, o jogo mudou”, defendeu o consultor. “Por exemplo, hoje a pessoa entra na loja, usa o seu Wi-Fi, compara o preço do produto pelo dispositivo (móvel), vê que é mais barato na concorrência e vai embora”.
NFC
A MasterCard informou que deve implementar no Brasil a solução do PIN PAD contacless, usando tecnologias de pagamento móvel e NFC, nos próximos três anos. No entanto, a operadora ainda deve continuar investindo no POS e sistema de cartões de crédito, que atualmente possuem entre 600 e 700 mil terminais compartilhados no País.