| Originalmente publicado no Teletime | O ministro-chefe da Casa Civil, general Walter Souza Braga Netto, deu nesta terça-feira, 16, mais uma indicação de que aspectos geopolíticos devem marcar a postura do governo federal durante o leilão de 5G, com possíveis impactos sobre a cadeia de fornecimento das teles. Segundo o ministro, o presidente Jair Bolsonaro já estabeleceu algumas diretrizes sobre o tema, e não será levado em consideração apenas os critérios técnicos comumente relacionados a licitações públicas, incluindo as de espectro.
“Nós já tivemos uma primeira reunião sobre 5G e posso garantir que a discussão não será somente técnica, entra o lado político na avaliação”, afirmou Braga Netto, em conversa online com representantes da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ). Ele alega que, no contexto do “pós-pandemia, não é um posicionamento nosso, mas do mundo inteiro, que está repensando essas parcerias”.
“Não posso aprofundar mas garanto, e já tenho inclusive diretrizes do próprio presidente no tocante desse assunto, que não é exclusivamente técnico”, completou. Segundo o chefe da Casa Civil, entre as pastas que discutiram o tema estão Economia, Relações Exteriores, Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e o MCTIC; neste caso, com o desmembramento da pasta, a responsabilidade do leilão 5G passa para o “novo” Ministério das Comunicações.
Sinais
Na última quinta-feira, o próprio presidente Jair Bolsonaro havia indicado que uma decisão sobre o 5G passaria pela política externa e não poderia ser guiada apenas pelo critério preço. Ainda que nem ele ou Braga Netto tenham especificado o alcance de tais diretrizes, é praticamente certo que os comentários tenham relação com o dilema envolvendo fornecedoras chinesas, ou mais notoriamente a Huawei.
Isso porque os EUA têm cobrado que aliados sigam a decisão de banir a fornecedora chinesa da construção de redes 5G, sob acusações de risco à segurança cibernética e espionagem (cujas provas ainda não foram apresentadas pela gestão Trump). O Reino Unido, por exemplo, parece disposto a seguir tal caminho – por isso o comentário de Braga Netto em relação ao “mundo inteiro” repensando acordos relacionados à quinta geração.
A possibilidade de limitação da atuação da fornecedora já foi criticada por executivos da Claro, enquanto a Vivo afirmou confiar nos equipamentos da chinesa. A Oi também tem parceria estratégica importante com a Huawei; já a TIM tem inclusive realizado testes 5G ao lado da empresa. Importante lembrar que a companhia já é fornecedora de todas as grandes operadoras nas tecnologias 3G e 4G, além de atender também a provedores regionais e mesmo redes privadas.