O presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), José Jorge Nascimento, criticou o mercado cinza no Brasil e se posicionou favorável ao que ficou conhecido como a “taxa das blusinhas”, ou seja, a taxação de compras de até US$ 50 em e-commerces internacionais, e que passa a vigorar a partir de 1º de agosto.

“Para muita gente pode parecer bobagem a indústria nacional estar ‘brigando’ com importações de até US$ 50. Só que este valor equivale a R$ 250 e, se acrescentados os impostos, pode chegar a R$ 500”, explicou Nascimento, durante entrevista coletiva realizada no Eletrolar Show 2024, na última segunda-feira, 15, em São Paulo.

Mercado cinza

Em estimativa feita pela IDC, o mercado cinza deve dobrar de tamanho até o final do ano pela segunda vez consecutiva. O crescimento tem atrapalhado as vendas legais no País e na América Latina. Na visão do presidente da Eletros, a falta de fiscalização acaba viabilizando a importação de mais produtos com valores muito abaixo ao da média do mercado nacional.

“Não podemos banalizar isso. Ao permitir que uma importação de US$50 aconteça sem pagamento de impostos, desfavorecemos a indústria do País, porque a disputa fica injusta”, afirmou José Jorge Nascimento. Segundo ele, aparelhos celulares contrabandeados ou que chegaram ao Brasil se beneficiando da antiga regra representaram cerca 20 milhões de unidades no Brasil (em 2022).

Eletros: taxação poderia ser mais alta

Com o novo tributo, compras de até US$ 50 terão 20% de imposto de importação, além dos 17% de ICMS, que já estavam inclusos. No entanto, Nascimento considera que o ideal seria que a tributação sobre esse valor fosse a mesma que a indústria nacional paga.

“As indústrias brasileiras pagam IPI, PIS/Cofins e ICMS, além de passarem por uma série de regulamentações, como as do Inmetro e as do Ministério do Meio Ambiente. O setor vive um momento delicado”, disse o presidente da Eletros.

Apesar disso, ele considera positivo o avanço tecnológico no mercado de celulares, que vem trabalhando cada vez com inteligência artificial e 5G. “Isso acaba incentivando o consumidor a sempre buscar um novo produto”, destacou Nascimento.