| Publicada originalmente no Teletime | Ao divulgar as primeiras linhas de crédito disponíveis para projetos de telecom a partir de recursos oriundos do Fust, o BNDES revelou que deve financiar também equipamentos de casa do cliente (CPEs) para acesso fixo sem fio (FWA), inclusive em 5G e para projetos em favelas.

As alternativas foram detalhadas pelo gerente de financiamento do banco público, Carlos Azen, durante evento promovido pela Qualcomm nesta terça-feira, 15. No caso dos pilotos para conectividade nas comunidades, além da rede macro 4G e 5G, modems de FWA poderão ser financiados em operações diretas e reembolsáveis, junto à expansão de redes. O mesmo poderá ocorrer em projetos rurais considerados prioritários, seguindo localidades apontadas pelo governo. Nestes casos, haverá spread básico de taxa referencial (TR) +1% e prazo de pagamento de até 15 anos, configurando condições diferenciadas para a contratação do crédito.

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Mesmo nas operações em condições padrão (com spread básico de TR + 2,5%), os modems FWA também poderão ser financiados em meio aos novos investimentos, seja em projetos para áreas urbanas ou rurais. Veja condições detalhadas das diferentes alternativas na imagem acima. Vale notar que os investimentos em educação a partir dos recursos do Fust devem utilizar as condições diferenciadas (TR + 1%), envolvendo backhaul até escolas e também redes internas.

Alternativa

No caso das favelas, o BNDES nota que as áreas costumam ser desconsideradas nas métricas de conectividade média de grandes cidades – que nem sempre capturam o cenário nas franjas mal atendidas dos municípios. Além da renda per capita baixa, Carlos Azen notou que a captura pelo poder paralelo das redes de telecom também é problemática em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo.

Neste sentido, a abordagem de rede fixa sem fio permitida pelo FWA pode ser uma solução. Com os pilotos programados inicialmente em um número pequenos de comunidades, o BNDES e o MCom querem verificar a possibilidade de replicação da iniciativa. “Queremos financiar não só a infraestrutura, mas também os aparelhos de usuários. Dando certo, vamos expandir”, resumiu o secretário de telecomunicações do MCom, Maximiliano Martinhão, no evento da Qualcomm.

Brasil começa agora a contar com ofertas de banda larga de FWA baseadas em 5G, e capazes de capacidades mais robustas para uso residencial. O dificultador, contudo, é justamente o preço ainda alto dos modems (ou CPEs), afirmam as operadoras. A expectativa é de baixa nos valores dos equipamentos nos próximos meses.

Dado o cenário, o presidente da Qualcomm para a América Latina, Luiz Tonisi, avalia a possibilidade de financiamento dos equipamentos como oportunidade muito grande para a consolidação do FWA no Brasil. Além de comunidades carentes, o executivo também vê match da tecnologia com a cobertura de escolas hoje mal atendidas com conectividade. Hoje, chipsets da fabricante suportam CPEs para FWA de fabricantes como Intelbras e Elsys.

Linhas 

O conjunto de produtos de créditos via Fust (revelado pelo BNDES na última segunda-feira, 14) representará a primeira utilização estruturada da história do fundo, aponta o banco. Recentemente, o órgão recebeu repasse de R$ 1,1 bilhão do Ministério das Comunicações (MCom) para começar a operar as linhas de crédito.

“Nesta primeira fase, buscamos, via crédito, ampliar a fronteira econômica das redes de telecomunicações, financiando projetos em áreas sem conexão adequada, com foco inicial em escolas, área rural, pequenos municípios e favelas, bem como apoiando a aquisição de equipamentos para expansão dos pequenos provedores de Internet por meio dos agentes financeiros repassadores”, explicou o presidente do banco, Aloizio Mercadante, em comunicado no início da semana.

Além das operações diretas com valor mínimo de R$ 10 milhões, micro, pequenos e médios provedores de Internet também poderão ter acesso a crédito de até R$ 10 milhões (a cada 12 meses) para aquisição de equipamentos de telecomunicações credenciados no BNDES, nas chamadas operações indiretas.

Neste caso, a nova solução contará com prazo de pagamento de até dez anos, incluindo um prazo de carência de até dois anos, podendo a participação ser de até 100% do valor total dos itens financiados. A taxa de juros será formada pelo custo financeiro TR (Taxa Referencial) ou Taxa Fixa TR (TFB-TR), remuneração do BNDES de 1,45% ao ano e pela taxa do agente financeiro de até 7% ao ano.

 

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