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Ciro Biderman, professor da FGV-SP (de branco), ao lado do tradutor de libras do Summit Tembici

A utilização da mobilidade urbana como serviço (MaaS) é uma tendência em crescimento nas cidades, segundo Ciro Biderman, professor em administração e governo na FGV-SP. Durante o evento Summit Tembici nesta quinta-feira, 15, o especialista explica que diferentemente do universo de aplicativos e plataformas como Tembici, Uber e 99, a MaaS nas cidades precisa de infraestrutura e dados estruturados.

“A MaaS na administração pública precisa de integração de modais. Não pode ter os meios de mobilidade separados. Isso é algo complexo, mas deve acontecer. Isso aumenta a sustentabilidade e distribui melhor a renda”, afirmou Biderman. “Eu vejo São Paulo e São José dos Campos querendo caminhar para isso (MaaS). São cidades que lideram o processo de inovação em parceria com startups e empresas do setor”, completou.

Também presente no evento Cris Alessi, presidente na Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação, disse que é desejo de toda cidade ter MaaS integrada, mas antes as cidades precisam fazer trabalho de estruturação de dados e atualizar sistemas, além de integração com sustentabilidade, uma vez que financiamento para projetos viários precisam ter metas de melhora do clima.

“Em Curitiba, o nosso processo passa por integrar os dados e integrar os transportes públicos. Um exemplo é o projeto Inter II de R$ 130 milhões que vai transportar pessoas, mas também integrará mobilidade elétrica e micromobilidade. Temos outro projeto, de R$ 40 milhões, para aumentar a quilometragem de ciclovias e melhorar calçadas”, afirmou Alessi. “O projeto precisa ser multidisciplinar, pessoas certas, secretaria certa, financiamento correto. Hoje não existe financiamento sem projeto de sustentabilidade profundo. O nosso ponto é unir sustentabilidade e mobilidade”, explicou.

Dados

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Por sua vez, Luis Fernando Meyer, diretor de operações no Instituto Cordial, alertou que os órgãos públicos envolvidos na mobilidade urbana precisam ter dados que “conversem”. Apenas desse modo será possível fazer integração entre modais de transportes: “Os dados precisam conversar nas cidades. São coletados por áreas diferentes do governo e precisam fazer integração entre eles”, explicou.

“Sentimos essa deficiência em várias cidades, na segurança viária e na mobilidade urbana em geral. Isso é importante para fazer políticas preventivas. A tecnologia precisa ajudar para que as cidades inteligentes sejam humanas”, completou Meyer.

A pesquisadora de mobilidade urbana, Rafaela Albergaria, acredita que a produção de dados está ligada também pela “desigualdade latente”. Em sua visão é preciso deslocar os lugares e os saberes que hierarquizam as políticas de direitos e decisões das cidades.

“Há uma dicotomia entre cidades inteligentes e desenvolvimento humano”, afirmou Albergaria. “As estruturas de mobilidade e transportes são construídas como políticas de violências, pois são construídas longe das pessoas que necessitam delas. Precisamos de inovações que sejam de fato eficientes”.

Um exemplo citado pelo diretor do Instituto são as regiões periféricas. Além de ter pouco espaço para mobilidade elétrica e micromobilidade, o fato de ter calçadas estreitas e pouco incentivo ao transporte público trazem menos circulação de pessoas nessas regiões.

“Para lidar com isso, os dados ajudam a gente a entender e qualificar os espaços nessas cidades. Com eles podemos pensar em como conceber espaços, feitos em projetos por urbanistas, para que a gente possa ter espaços e dinâmicas bem amparadas pelas cidades. O governo precisa ser mais proativo às transformações da sociedade. E nós, sociedade civil, precisamos trabalhar junto a ele”, completou.

 

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