educação

Ilustração: Cecília Marins/Mobile Time

Criado inicialmente como uma forma de mitigar os impactos da pandemia na educação brasileira, o Reforça (Android, iOS) surgiu para complementar a sala de aula. Entre alunos do ensino fundamental da Escola Municipal Francis Hime, no Rio de Janeiro, que utilizaram o app durante um mês, foi observada uma melhora no rendimento escolar. Metade deles (52%) aumentou suas notas e três em cada quatro (74%) passaram a frequentar mais as aulas.

Os resultados do teste realizado na escola mostraram que 81% dos alunos que usaram o app tiveram melhora em pelo menos uma matéria. 28,4% aumentaram o desempenho em somente uma matéria; 46,9% em até três; 22,2% em até cinco; e 2,5% em mais de cinco. As disciplinas de geografia (46,1%), matemática (37,2%), ciências (36,6%), inglês (31,8%), história (28,3%) e português (27,9%) foram as que mais apresentaram melhorias em notas, respectivamente.

A parceria com a escola municipal foi possibilitada por uma portaria do município do Rio de Janeiro que orienta instituições de ensino da rede pública a realizarem ações para alunos cujas notas estão abaixo da média. Essa foi a primeira vez que foi possível mensurar os impactos do uso do app em alunos. Agora, a startup aguarda os resultados para observar como serão os resultados a médio e longo prazo.

A Escola Municipal Francis Hime foi a primeira a participar do “Reforça nas Escolas”, iniciativa em parceria com a TIM, que busca melhorar a experiência de estudos dos alunos do ensino fundamental e médio. A ProUser, desenvolvedora do app, quer levar o programa para mais 50 escolas até o primeiro semestre de 2023.

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Ao final de cada capítulo, há um questionário. Imagem: divulgação

Lançado em outubro de 2021, o Reforça foi inspirado na metodologia de outro app do seu portfólio, o TapLingo (Android, iOS), que ajuda a ensinar idiomas por meio de flashcards. Na plataforma de reforço escolar, eles combinam imagens, texto e áudio para transmitir conteúdos selecionados da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

São textos condensados, adaptados para a interface do smartphone. Os áudios também são curtos, como “minipodcasts” que complementam o conteúdo apresentado. Lá encontram-se 10 mil flashcards com temas de todas as disciplinas do sistema de ensino brasileiro, desde física, passando por redação e filosofia. O estudante pode escolher o conteúdo selecionando o ano que está cursando, a disciplina e o capítulo. Ao final de cada ciclo, é possível realizar um quiz com dez perguntas, cada uma com três alternativas.

“O objetivo é ser extracurricular, no sentido de que a gente não quer substituir e não quer se posicionar como substituto de escola, de professor e de sala de aula. No entanto, uma das necessidades que nós vimos é que professores estão também utilizando o aplicativo para preparar a sua aula, porque ali tem um direcionamento”, comenta Rodrigo Murta, CEO e fundador da ProUser.

Novos recursos

Além de adicionar novos conteúdos periodicamente, a ProUser também trabalha no aprimoramento do app, baseando-se no feedback dos usuários. Deve ficar pronto no final do primeiro trimestre de 2023 um novo recurso voltado ao outro lado – os professores. O profissional poderá selecionar qual matéria lecionou em um determinado dia. A partir disso, poderá enviar notificações push para os alunos, com objetivo de reforçar o conteúdo que aprenderam no dia. Ao clicar, o aluno irá direto no capítulo correspondente. “Queremos realmente fazer esse link com a sala de aula”, diz Murta.

A ProUser também pretende investir em conteúdos mais datados. “Cada vez mais, o Enem e os vestibulares estão exigindo dos estudantes atualidades. Não basta estudar matemática, ciência, temos que falar de meio ambiente, geopolítica. Está no roadmap isso, começar a criar capítulos específicos de atualidades”, comenta. “Apesar de sermos uma empresa tech, a base é o conteúdo, e precisamos cada vez mais nos diferenciarmos.”

A partir das métricas de como o app está ajudando os alunos, a companhia busca entender qual é o tempo ideal de uso para que o app tenha um impacto positivo nos estudantes. Dessa forma, pretendem criar estratégias mais incisivas para aumentar engajamento por meio de notificações push, fazendo com que os usuários acessem mais a plataforma.

Expansão

Atualmente, o reforça conta com 100 mil usuários ativos mensais e 400 mil downloads. Cada pessoa acessa o app em uma média de 31 minutos por mês. A maioria vem das parcerias com as operadoras TIM e Claro, que disponibilizam o app em pacotes de planos mensais. A ProUser aproveitou os acordos que já tinha com seus outros apps para oferecer o Reforça junto às operadoras.

O CEO conta que a companhia está em negociação com um grupo de educação que oferece sistema de ensino para escolas, tanto públicas quanto particulares – 1,2 mil em todo o Brasil. Segundo Murta, este grupo é um dos maiores do Brasil, o que ajudará na distribuição do app. 

Ainda assim, a companhia continua em busca de novas parcerias. Ela possui acordos com as operadoras, mas não expandiu para os grandes ISPs. Por isso, fechou acordo com a Lidera, especialista em integrar serviços digitais com ISPs, fintechs e seguradoras no modelo de distribuição B2B2C, para ajudar na disseminação do app. O objetivo é chegar em cinco dos dez maiores ISPs em 2023. Um dos acordos já deve ser anunciado em janeiro.

Os outros dois produtos da companhia, o TapLingo e o Tô Aqui (Android, iOS) também são implementados na Colômbia, Espanha e Portugal. No caso do Reforça, é um pouco mais complexo, pois exige adequações a bases curriculares locais. A ProUser está conversando com players de alguns países para verificar se o produto tem aderência em outros mercados. A plataforma está pronta, mas o conteúdo teria de ser reformulado.

Planos

Qualquer usuário pode degustar gratuitamente cinco capítulos, para poder experimentar o app. Por R$ 19,90 mensais, é possível consumir todo o conteúdo. O plano mais caro, de R$ 29,90 também dá acesso a um chat para tirar dúvidas com professores, das 8h às 20h.

 

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