A startup Pagaleve lançou no fim do ano passado uma solução de parcelamento sem juros de compras online, conceito conhecido no exterior como “buy now, pay later” (BNPL na sigla, ou compre agora, pague depois na tradução livre para o português). Em pouco tempo, conquistou 10 varejistas, incluindo Reserva e Mundo Lolita, e 3 mil consumidores registrados. Sua meta em 2022 é escalar o negócio, chegando a dezembro com 1,2 mil lojas online e 500 mil clientes, informa Henrique Weaver, CEO da Pagaleve, em conversa com Mobile Time. 

A empresa aposta em inteligência artificial como um diferencial competitivo. Desenvolveu em parceria com a Neurotech seu motor de crédito proprietário. O cadastro do consumidor é feito em dois minutos, demandando apenas seis informações básicas: nome, CPF, data de nascimento, endereço, email e celular (validado via SMS e WhatsApp). A taxa de aprovação está acima de 60%, melhor do que a média do mercado para outras ferramentas de parcelamento.

Pagaleve

Henrique Weaver, CEO da Pagaleve: “Nosso motor de crédito é ultrarrápido, superseguro e simples de usar. Chamamos de parcelamento inteligente, porque é diferente do que existia no Brasil até então”

“A Pagaleve não é crediário, boleto parcelado ou outras soluções antigas que atendem a uma parte da necessidade do mercado para quem não tem cartão de crédito, mas cujo grande problema é a morosidade do processo de cadastro, pois exigem envio de documentos, selfies etc, e a baixa taxa de aprovação, que varia de 10% a 25%, segundo varejistas. Nosso motor de crédito é ultrarrápido, superseguro e simples de usar. Chamamos de parcelamento inteligente, porque é diferente do que existia no Brasil até então”, descreve o CEO.

Atrativos para o consumidor

Para o consumidor, a Pagaleve representa uma opção de pagamento parcelado sem juros via Pix com aprovação rápida, em tempo real. A compra é dividida em quatro parcelas quinzenais e não há nenhum custo adicional. 

A Pagaleve foca em três perfis de clientes: 1) pessoas sem cartão de crédito (um em cada três adultos no Brasil); 2) pessoas com cartão de crédito, mas limite baixo (a média no Brasil é de R$ 1,5 mil); 3) pessoas que até poderiam ter um cartão com um limite razoável, mas que preferem não ter esse meio de pagamento, uma tendência verificada entre consumidores da geração Z e millennials, segundo Weaver.

Nas lojas online parceiras da startup, o consumidor encontra entre as opções de pagamento: “Pagaleve com Pix em 4x”. Ao selecioná-la, passa pelo cadastro (caso seja a primeira vez que usa a Pagaleve), ou informa seu celular e senha, se já tiver comprado com sucesso antes. O motor de crédito analisa em tempo real se aprova ou não aquela compra. A primeira parcela é paga no ato, por meio de Pix via QR code. As outras três parcelas vencem dali a 15, 30 e 45 dias. O consumidor é lembrado via WhatsApp, SMS e email sobre as parcelas seguintes. Ele também pode acessar sua conta na Pagaleve pelo site da startup para acompanhar suas compras e pagamentos. Nas próximas semanas será lançado o app da empresa.

A empresa já está pronta para adotar o Pix parcelado, assim que estiver disponível no Brasil. Aí o consumidor precisará escanear o QR code de pagamento somente uma vez, deixando previamente autorizada a cobrança de todas as parcelas.

Modelo de negócios

Nas compras feitas com Pagaleve, o risco fica 100% com a startup de BNPL. Assim, o lojista não precisa arcar com o “chargeback”, ou seja, com a devolução do valor quando o consumidor não reconhece uma compra com seu cartão. Além disso, recebe o dinheiro todo no dia seguinte da compra, enquanto no cartão de crédito precisaria esperar 30 dias ou mais, em caso de parcelamento – ou pagar à parte para antecipar recebíveis.

Outra vantagem para o lojista é ampliar sua base de consumidores online e aumentar a taxa de aprovação. Com base em experiências internacionais de BNPL, a Pagaleve estima que a conversão aumente, em média, entre 25% e 40%, e o tíquete médio, entre 30% e 50%.

Em troca, a Pagaleve cobra do lojista um percentual sobre cada compra, que é mais baixo que a média cobrada nas vendas por cartão de crédito. Esse percentual é negociado individualmente com cada parceiro. “Não vamos entrar em briga de custo. Isso acontece entre as adquirentes. Nosso foco é aumentar a receita”, argumenta o CEO da Pagaleve.

Para incluir a Pagaleve como opção de pagamento, o varejista precisa integrar seu sistema de comércio eletrônico à plataforma da startup. Para aqueles que usam Vtex, já existe uma API pública da Pagaleve. Weaver promete que haverá APIs para todos os grandes sistemas de e-commerce até o fim deste trimestre. Se o lojista tiver uma ferramenta própria de vendas online, a Pagaleve realiza a integração direta.

 

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