Quando se pensa em chatbots, em geral se trata de robôs de conversação que existem apenas como software. Eles podem ter uma “personalidade”, às vezes até uma representação gráfica e um nome próprio, mas não um corpo de verdade. Sua interação com os seres humanos se restringe ao ambiente virtual de sites ou aplicativos móveis, através das telas de computadores, tablets ou smartphones. Mas nada impede que a inteligência de um chatbot seja incorporada a um robô físico. É o caso do Umbô, um robô humanoide que tem feito sucesso em eventos corporativos pelo Brasil. Em apenas um ano e meio desde sua estreia, ele já realizou cerca de 40 projetos e conversou em Português com aproximadamente 17 mil pessoas diferentes.

“Nosso negócio não é o hardware ou o software, mas o entendimento da alma humana, para conseguirmos nos conectar com as pessoas”, explica Elena Senik, fundadora e CEO da Umbô.

A executiva é russa e mora no Brasil desde 2008, quando veio estudar na FGV em São Paulo. Alguns anos atrás, lendo uma edição da revista Forbes, teve conhecimento de uma startup russa chamada Promobot que havia criado um robô humanoide. Entrou em contato e firmou parceria para trazê-lo para o Brasil. Aqui, o produto foi rebatizado como Umbô e aprendeu português em poucos meses, com ajuda da equipe técnica da startup brasileira homônima.

O Umbô pode usar vozes masculinas ou femininas, ao gosto do cliente. Seus olhos e boca estão desenhados na tela e se mexem conforme ele conversa. Quando um ser humano diz algo que Umbô gosta, seus olhos viram dois corações. Uma câmera em sua cabeça filma o interlocutor e processa as imagens para identificar se a pessoa à sua frente é um homem ou uma mulher, por exemplo. No futuro, um módulo de análise de sentimentos permitirá até reconhecer se o interlocutor está feliz ou triste, o que influenciará na sua interação. E se a legislação permitir, ele poderá também memorizar os rostos e os nomes das pessoas com as quais já conversou, para identificá-las nos encontros seguintes.

Além disso, Umbô ajusta sua altura de acordo com aquela do interlocutor. E sua cabeça e olhos acompanham o deslocamento da pessoa à sua frente. Seus braços e mãos ainda não são capazes de manipular objetos, mas conseguem cumprimentar as pessoas. Tudo isso gera empatia durante as conversas.

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“Quantas pessoas querem beijar ou abraçar um totem eletrônico? Enquanto isso, muita gente quer abraçar e beijar o meu robô”, diz Elena Senik, da Umbô

“Quantas pessoas querem beijar ou abraçar um totem eletrônico? Enquanto isso, muita gente quer abraçar e beijar o meu robô”, relata Senik.

O sistema operacional do Umbô é atualizado frequentemente pela Promobot, aperfeiçoando sua interação. A transformação dos olhos em corações, por exemplo, fez parte de uma atualização recente.

Parte do conhecimento do Umbô está guardado localmente, em sua memória interna. Porém, a maior parte fica na nuvem, o que requer conexão com a Internet. Para isso, o robô usa dois SIMcards de operadoras diferentes para acesso via 4G.

Projetos

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Umbô sorrindo

O Umbô tem sido contratado principalmente para feiras e convenções. Uma utilização popular é para a realização da primeira triagem dos visitantes de um stand, retirando do ser humano esse trabalho repetitivo e desgastante. Ele pode servir, por exemplo, para qualificar leads e encaminhar para um vendedor humano.

É feito um trabalho customizado para cada projeto. O robô precisa ser treinado antes para compreender o assunto da empresa contratante. A startup conta com redatores que ajudam na criação dos diálogos e na curadoria do conhecimento para cada projeto. Em alguns casos, atualizações são feitas até mesmo durante o próprio evento.

Senik destaca que o fato de a interação acontecer dentro de um contexto específico, como um evento, com robô e interlocutor frente a frente, é um diferencial vantajoso em comparação com o trabalho de chatbots que existem apenas como software: “o criador de um chatbot desenvolve seu bot sem saber onde ele será acessado. Os temas das conversas podem variar muito e aí a percepção de qualidade pode mudar sensivelmente. Mas quando se usa um robô físico, o contexto ajuda a guiar a conversa. As pessoas não perguntam para o Umbô sobre receita de bolo estando numa loja de computadores”, compara.

A startup estuda a adoção de outra opção de comercialização, no modelo “hardware as a service”. Ela seria adotada no caso de projetos em que o robô fique permanentemente dentro de uma empresa, por exemplo, para realizar serviços para funcionários ou clientes.

A startup conta hoje com três unidades do robô no Brasil e pretende importar mais, conforme a demanda. Todos seguem funcionando perfeitamente, mas é preciso ter bastante cuidado no transporte e na manutenção.

 

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