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O boom de acessos e a discussão em torno do Clubhouse (iOS) na América Latina começou a atrair marcas e empresas para as salas de conversas da rede social de áudio. Durante esta semana, ao menos três companhias brasileiras realizaram ações por meio da plataforma que até então era um espaço mais destinado aos usuários: Claro, com Hands; Nescau, com Ogilvy; e TV Cultura.

Mobile Time conversou com os responsáveis pelas campanhas para falar sobre os primeiros passos da nova rede social no Brasil. O ponto de partida da conversa foram os dados exclusivos da Sensor Tower compartilhados com esta publicação na última sexta-feira, 17, que coloca o Brasil como o sexto país com mais downloads do app no mundo.

Interatividade

Uma das vantagens mais apontadas pelos executivos ouvidos por esta publicação foi a interatividade do Clubhouse. Abner Bezerra, Head de Marketing de Nescau e Bebidas Nestlé, explica que a live feita por ele com dois atletas olímpicos patrocinados pela marca obteve mais engajamento com os usuários do que o esperado.

“A primeira coisa que aprendemos é: o Clubhouse é um espaço aberto para interagir. Direto. É um espaço de interatividade para qualquer pessoa perguntar. Apesar de não ter acesso aberto a todas as pessoas”, diz o executivo, ao lembrar que o app não possui versão Android e que precisa de convite para entrar. “Tínhamos um roteiro preparado para falar com os atletas. Não fizemos um quarto das perguntas que tínhamos no roteiro, pela interação. Foram quase 1h10 de bate-papo”, completa.

Por sua vez, João Teixeira de Carvalho, fundador e CEO da Hands Mobile, fez um caminho diferente. O executivo levou o Clubhouse ao programa Mundos dos Apps da Claro TV. A tela do app e o som foram reproduzidos pela TV e os telespectadores foram convidados a participar de uma sala do Mundo dos Apps para interagir. No cenário do programa, uma TV reproduzia as interações da sala.

“A ação que fizemos foi diferente de abrir uma live. Nós levamos o Clubhouse para fora. O objetivo, nosso e da Claro, foi deixá-lo mais inclusivo. Conseguimos democratizar algo restrito”, afirma Carvalho. “Acho que encontramos uma forma interessante de trazer isso para dentro (enquanto não chega ao Android). Fizemos isso em uma escala bem pequena. Recebi contato de outras emissoras para saber como funciona, pois tem uma parte técnica ao sincronizar o áudio e vídeo com a rede social”, conclui.

Bezerra e o CEO da Hands foram perguntados se acompanharam alguma métrica durante o uso do Clubhouse em suas ações, ambos afirmaram que não. Para eles, o importante era entender como funcionaria a interação com os usuários.

Prós e contras

Outro tema debatido foi o motivo para marcas e empresas entrarem no Clubhouse. Alberto Pardo, CEO da Adsmovil, chama a atenção que o aplicativo ganhou tração de usuários de forma rápida na América Latina, algo dificilmente visto no meio de redes sociais. Outra profissional do setor de marketing, Carolina Zaccaro, managing director da Rocket Lab, afirma que as marcas buscam mais consciência sobre seus usuários.

“Acreditamos que o conhecimento das tendências de mercado e de novas aplicações que possam abrir um novo canal de comunicação com seu usuário é essencial”, crê Zaccaro. “Você deve experimentar plataformas de nicho, em expansão. Pense em diversificar seu público para além das principais redes sociais. Plataformas de nicho menores podem entregar tráfego da web impressionante e fidelidade para marcas”, acrescenta.

Carvalho, da Hands, argumenta que o aplicativo permite dar a voz ao internauta, mas ressalta que o lado negativo é a falta de foco: “É um app muito fácil e simples, tem sala para tudo, sem pauta e sem conteúdo. Corre risco dos usuários se cansarem da plataforma por um conteúdo sem qualidade”, explica.

O CEO da Makers, Ricardo Cavallini, afirma por sua vez que a plataforma é um atrativo por três fatores:

  1. Os diferentes atributos que traz para a marca, como frescor e inovação. É benéfico para marca.
  2. A humanização, aproximando as pessoas.
  3. É uma mídia nova e interessante para testar conteúdo e relacionamento.

Ainda assim, Cavallini ressalta que a rede social é nova e demanda um novo aprendizado de uso, criação de conteúdo e atração de usuários e ver o comportamento deles. Pois serão os consumidores que ditarão o futuro Clubhouse.

Mais obviamente, Bezerra, da Nestlé, vê a falta de acesso aos usuários Android como a principal barreira de crescimento da aplicação – em especial no Brasil, onde a maioria dos usuários são consumidores de smartphones com o sistema operacional do Google.

Futuro

Para as próximas etapas, a Hands deve manter o Clubhouse no programa com a Claro. A empresa ainda deve usar mídia OOH para atrair usuários para discutir temas importantes para a cidade por meio de QR Code. Outra iniciativa no radar é o uso do aplicativo com celebridades para chamar clientes de shopping centers para salas de conversa e oferecer produtos e descontos.

Pelo lado do Nescau, Bezerra confirmou que programará novas lives com atletas patrocinados pela marca. O executivo ainda enxerga um potencial da rede social na relação com os consumidores e vislumbra o uso do Clubhouse para fazer pesquisas em tempo real, por exemplo.

Por sua vez, Zaccaro afirmou que conversa com grandes marcas para desenhar ações que façam sentido. Enquanto isso não sai do papel, a companhia criará salas para discussão do segmento App Growth no Clubhouse: “Acreditamos que é importante agregar valor à comunidade sem a necessidade de ‘anunciar’ na plataforma, e certamente teremos iniciativas nas quais falaremos sobre as melhores práticas do nosso setor, entrevistaremos clientes, entre outros”, revela.

 

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