[Atualizado às 11h21 do dia 18/03/2022 com o preço atual dos planos] Lançado recentemente no Brasil, o streaming de shows WePlay (Android, iOS) quer chegar aos 100 mil usuários até o final de 2022. Em conversa com Mobile Time na tarde desta quinta-feira, 17, os fundadores da plataforma Maria Rita Lunardelli (CEO) e Helcio Filho (head de tecnologia) detalharam os próximos passos do serviço de vídeo.
“Estamos planejando parcerias com operadoras de telefonia. Queremos conversar com (Amazon) Prime Video para oferta de assinatura de canais, um segmento que queremos entrar. Também queremos parcerias com artistas e seus fãs-clubes, que são bons aliados para expandir a plataforma”, diz a executiva.
O sócio completa e lembra que também há oportunidades de relacionamento fora do ecossistema de tecnologia, como programas de fidelidade e marketplaces. Explica ainda que parte da expansão do WePlay prevê o lançamento dos apps nas TVs de Sony, Samsung e LG, no Roku e no Fire Stick da Amazon.
Atualmente, além de Google Play e PlayStore, o WePlay streaming pode ser acessado via Apple TV, Android TV e navegadores de Internet (browser).
Estratégia
Lunardelli explica a esta publicação que a plataforma foi criada a partir da necessidade dos músicos ganharem dinheiro durante a pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov 2), em especial aqueles que acompanham grandes artistas e trabalham em regime de contrato temporário (um show, turnê, gravação).
“Com a vinda da pandemia, nós tivemos uma mudança brusca de mercado. Hoje os músicos têm menos oportunidades de serem vistos. Tem artistas com banda própria, outros são chamados por trabalho. Começou a voltar essa atividade, mas ainda falta espaço”, diz a CEO, ao relatar que também há problemas de distribuição de royalties para esses músicos. “Em direitos, os serviços de streaming musicais têm o ‘royalty pool’. No Spotify, 58% da receita vai para o produtor fonográfico – ele tem o contrato com os artistas –; 30%, para o Spotify; 9%, para o autor da música; 3%, para o Ecad. Nessa distribuição de percentuais, o músico de acompanhamento não é contemplado”, explica.
Outra questão para o WePlay é o relacionamento do consumidor com os shows. A executiva lembra que o Brasil foi um dos maiores consumidores de aparelhos de DVDs no passado, e ainda é um dos maiores consumidores de sua própria música. Portanto, o novo streaming surge para atender um público que é exigente com a qualidade do material que consome, como fazia na mídia física.
“Nós estamos posicionados no meio do caminho, entre os streamings de vídeo, como Netflix, Amazon, HBO, e os streamings de música, como Deezer e Spotify. Para criar o WePlay, nos baseamos nesses grandes players. Hoje não tem nenhuma grande plataforma nacional de streaming de show”, diz Filho, ao lembrar que o gênero tem poucas experiências no exterior e conteúdos específicos nas grandes plataformas, como Disney e Amazon.
Modelo de negócios
Criado a partir da contratação de um white label nacional, o WePlay nasce com 120 shows disponíveis para o consumidor e contrato com 15 gravadoras. Se somar os conteúdos que devem ser adicionados nos próximos meses, a OTT terá em breve mais de 380 obras em seu catálogo. Importante dizer que o conhecimento para criar e gerenciar o WePlay vem da experiência dos sócios com a Voice, um espaço estúdio, produtora e escola de música em que Filho e Lunardelli também têm sociedade.
“Temos uma expertise que vem da Voice. Nós sabemos que existe uma carência de administração nos estilos musicais como Rock, MPB e Pop (exceto Sertanejo e Funk que se organizaram e têm patrocinadores). Nós acreditamos que podemos fomentar esses outros estilos, não só por ser uma plataforma de música, mas por entender o músico. Conseguimos criar uma plataforma que é mais um espaço para o músico, mas também para fomentar o trabalho dele”, explica o head de tecnologia.
Com ofertas de assinatura mensal avulsa por R$ 24 e familiar por R$ 44, o WePlay pode ser contratado via Google Play, App Store ou browser.
Importante dizer que o revenue share contempla os músicos que acompanham bandas e artistas, algo que existia nos DVDs, mas deixou de ser feito nos apps de streaming musical. Essa distribuição é feita em acordo com ECAD e UBEM.
No app, a empresa investiu R$ 600 mil, algo que a CEO acredita que será recuperado rápido, em até um ano, seja pela demanda das gravadoras em revitalizar o portfólio e ganhar receita com este conteúdo ou pelo consumidor, que busca por um streaming de vídeos musicais – inclusive de fora do Brasil, pois a plataforma nasce sem restrição geográfica.
Conteúdo
Além dos shows, Filho revela que há outros conteúdos no radar da empresa: playlists com clipes musicais, documentários, podcasts e conteúdo próprio, uma vez que a companhia tem parceria com o Teatro Porto Seguro, em São Paulo. Inclusive, a empresa cogita avançar em outras linhas de negócios a partir da geração de conteúdo próprio, como lives com shows exclusivos, oferta de ingressos, eventos custeados por marcas e produtos baseados em NFT.
Mas a CEO ressalta que não fará uma experiência com fricção, ou seja, o WePlay não terá modelo freemium com interrupção de vídeos publicitários, por exemplo: “Não queremos interrupção de entretenimento. Desde o início, nós desenhamos para não ter interrupção com propaganda. Mas cogitamos conteúdo próprio (show, estilo) patrocinado por uma marca. E sabemos que as marcas hoje querem um público mais focado”, completa.