[Atualizado no dia 21/03/2025 às 15h52 com atualizações do executivo] Apesar do desejo de a indústria brasileira em avançar com as redes celulares privativas (RCPs) 5G, o consultor técnico de conectividade industrial da Siemens, Márcio dos Santos, acredita que esta tecnologia é preterida, ante conexões cabeadas, Wi-Fi, LTE e rede celular pública das operadoras.

O consultor da companhia que oferece equipamentos cabeados e sem fio (inclusive CPEs industriais e core 5G), detalhou que o desejo de todo industrial é ter uma rede privativa pelo uptime, segurança dos dados, qualidade e cobertura de rede. Mas a realidade é que quando fazem “o estudo e a análise do custo da aplicação privada, se não tiverem aval da liderança, começam com uma pequena prova de conceito (POC)” ou “optam pelo 4G” por ser mais em conta.

Mas a percepção do executivo é que a maioria das empresas recorrem à conectividade direto com a operadora, quando precisam do 5G para uma aplicação: “Tenho clientes nesse modal. A grande maioria não tem dinheiro, não consegue justificar o core privado, não tem Opex, mas tem a necessidade de comunicação móvel. Eles vão para o público, pegam o SIMCard, colocam na área de cobertura onde tem sinal e tentam fazer a conexão. Eles assumem riscos, transferem para as aplicações e não veem problemas em perder a conectividade”, compartilhou.

Siemens

Caso de fábrica de cerveja conectada no Dex da Siemens em 2023 (arquivo: Henrique Medeiros/Mobile Time)

Aplicações da Siemens em indústrias

Entre as aplicações mais comuns que podem estar no privativo, Santos citou a telemanutenção, uma vez que muitas empresas usam a conectividade para não locomover seus funcionários em uma manutenção técnica. Essa tecnologia está em uso principalmente nas indústrias de manufatura.

Lembra que, globalmente, a rede com padrão Profinet tem 70 milhões de nós (cada nó é um equipamento) e que sua principal forma de conexão, o cabo RJ45, é mais barato e mais democrático, ou seja, ele pode ser aplicado independentemente do tamanho da empresa.

A Siemens tem avançado na telemanutenção por meio das redes celulares com as operadoras que entram com a conectividade de quinta geração; por sua vez, a fornecedora entra com CPEs industriais. Santos relatou que comercializam “semanalmente” CPEs para uso na indústria.

Importante dizer, o Mapa de Redes Celulares Privativas no Brasil do Mobile Time mostrou o triplo de crescimento nas implementações das RCPs entre 2023, um salto de 128 para 401, sendo que 117 delas estão no agronegócio e 72 em indústria de óleo e gás.

5G privativo pela Siemens

Mesmo com o cenário pouco favorecido em redes privativas, a Siemens tem avançado na tecnologia. Em janeiro, a companhia trouxe ao Brasil e outros seis países europeus uma infraestrutura de rede 5G para operar em uma área de 5 mil metros quadrados com até 24 unidades de rádio. Produzida no exterior, mas adaptada às demandas locais, essa nova estrutura busca se diferenciar no mercado.

“Existe uma necessidade de controle em tempo real na industrial, abaixo de 1 m/s, até microssegundos. Tem redes que 1 microssegundo faz a diferença. Por isso, têm aplicações que precisam ser cabeadas, como em uma refinaria. Ou seja, as comunicações precisam ser rápidas”, explicou o consultor. “O nosso equipamento não tem protocolo IP para entregar essa latência, é uma comunicação em layer 2. Entenda, o 5G é baseado em IP, layer 3. Mas como faço comunicação industrial 5G em layer 2? O equipamento cria um túnel para fazer a comunicação. É uma nuance técnica, mas traz um diferencial absurdo”, descreveu.

Para demonstrar esses equipamentos, a fabricante pretende usar suas duas redes privativas, na fábrica em Jundiaí e no centro de treinamento DeX em sua sede em São Paulo, como demonstrativos: “Em Jundiaí, a ideia é fazer mais uso do 5G para mostrar o ganho operacional de uma empresa e servir como um grande showroom. O cliente industrial não é assim. Ele precisa ver funcionando”, disse.

“E cada vez vamos intensificar os treinamentos, eventos e parcerias por meio do DeX, além de usar o espaço para testes e validação dos cenários das tecnologias. Inclusive com os nossos parceiros. Precisamos pulverizar isso com os nossos parceiros com treinamentos”, concluiu.

A companhia ainda aposta em sua força de integradores para avançar na oferta de serviços e implementações de redes de telecomunicações no Brasil. Entre janeiro de 2022 e dezembro de 2024, a companhia treinou mais de 280 profissionais em expertise de tecnologias como Wi-Fi e redes cabeadas (Profibus e Profinet).

Imagem principal: Caso de fábrica de cerveja conectada no DeX da Siemens em 2023 (arquivo: Henrique Medeiros/Mobile Time)

 

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