O maior desafio das operadoras brasileiras que lançarem redes de quarta geração (4G) no padrão LTE será lidar com a pequena variedade de terminais e seus altos preços. Essa é a opinião do diretor de planejamento e tecnologia da Telefônica/Vivo, Átila Branco.
"O principal mercado propulsor do 4G é os EUA e lá se trabalha com 700 MHz, frequência diferente da nossa. Existem hoje apenas três smartphones compatíveis com o padrão que será adotado no Brasil", disse o executivo durante sua palestra no LTE Latin America 2012, evento realizado nesta terça-feira, 17, no Rio de Janeiro. Com pouca escala, os preços ficam altos. Para exemplificar como a questão do preço do terminal é importante, o diretor lembrou que a Vivo migrou do CDMA para o GSM anos atrás, dentre outros motivos, para poder comprar aparelhos mais baratos. O executivo prevê que em 2015 a maior parte do parque de aparelhos no Brasil será 3G (54%), enquanto o 4G responderá por apenas 5% e o 2G, por 41%.
O analista da Informa Telecoms & Media, Mike Roberts, concorda com o alerta."Os devices são um dos principais gargalos do LTE. Hoje, apenas oito operadoras no mundo têm smartphones LTE em seus portfólios. Na NTT DoCoMo há menos de 10 aparelhos 4G", comentou.
Legislação
O diretor da Vivo também criticou o excesso de leis municipais que restringem a instalação de antenas celulares. Seriam mais de 200 leis diferentes. Em Piracicaba/SP, por exemplo, as antenas precisam estar a pelo menos 100 metros de distância de qualquer residência. Em Campinas/SP, é requerida a autorização por escrito de pelo menos 60% dos habitantes em um raio de 200 metros do local da antena.
Análise
No Brasil, o LTE será prestado na faixa de 2,5 GHz, o que demandará muito mais antenas do que no 2G ou no 3G, por se tratar de uma frequência mais alta. Ou seja, mais do que nunca, as operadoras terão que deixar de lado a competição por cobertura e compartilhar sua infraestrutura.