A Surf Telecom desenvolveu um serviço de conta digital para as operadoras móveis virtuais (MVNOs, na sigla em inglês) que estão conectadas à sua plataforma – a Surf atua como uma agregadora de MVNOs. A primeira a testar o Surf Pay, como é chamado o serviço, é a Audax Celular, uma operadora virtual do time de futebol Audax. Os jogadores do seu time sub17, assim como funcionários da Surf, são os primeiros a experimentar a novidade, que, a partir de maio, será disponibilizada para as demais MVNOs da Surf. A expectativa da empresa é ter 100 mil contas do Surf Pay abertas até o final do ano.
“Hoje temos 41% da população adulta do Brasil desbancarizada. E 60 milhões de pessoas estão com seu nome em lista de devedores, negativados etc. Queremos atingir esse público, que hoje só pode transacionar em dinheiro. Essas pessoas movimentam R$ 665 bilhões ao ano em espécie”, relata James Lynch, diretor de serviços financeiros da Surf Telecom, em entrevista para Mobile Time.
No Surf Pay, o número celular é o número da conta digital. Através de um app móvel, os usuários das MVNOs que aderirem ao serviço vão poder abrir a sua conta. Os aportes poderão ser feitos via transferências de outros bancos, ou pagamento de boleto ou depósito em agências dos Correios, que também funcionarão para saques. Os usuários receberão um cartão de crédito pré-pago para realizarem pagamentos presenciais ou na Internet com seu saldo em conta.
Tanto o aplicativo quanto o cartão de plástico podem ser customizados pela MVNO que aderir ao serviço, em um modelo cobranded com a Surf.
Modelo de negócios
Não há cobrança de mensalidade pela manutenção da conta. E se houver tarifa para TEDs e DOCs ela será somente para cobrir o custo da operação. A proposta é monetizar através de outros serviços financeiros, como a oferta de empréstimos. Para tanto, a Surf já solicitou ao Banco Central uma licença de SCD (Sociedade de Crédito Direto). A ideia é oferecer esse serviço dentro de dois a três meses.
“No Brasil é caro conseguir crédito, especialmente para essa parcela da população. Com a sinergia que temos com operações de telecom, dispomos de muita informação sobre o cliente que uma operação financeira comum não teria”, explica Lynch. A empresa tem acesso a dados como a geolocalização da pessoa; seu perfil de uso do telefone; a periodicidade, o valor médio e aonde realiza recargas etc. Munida dessas informações, conhece melhor seu cliente e consegue medir de maneira mais assertiva o risco do empréstimo.
Outro serviço que deve ser lançado dentro de quatro a seis meses é uma máquina de POS, atuando como subadquirente. Existe uma grande quantidade de profissionais autônomos e donos de pequenos estabelecimentos comerciais nas bases das MVNOs da Surf que hoje não recebem pagamentos com cartão, utilizando apenas dinheiro vivo.
Para estimular o uso da conta digital, a Surf pretende oferecer cashback a cada recarga feita pelo cliente em sua linha móvel.
“A missão do Surf Pay é trazer para dentro do sistema financeiro as pessoas não bancarizadas, ou trazer de volta as negativadas”, resume o executivo.
