Clínicas, hospitais e planos de saúde perdem muito tempo e dinheiro com a execução de diversos processos ao longo da jornada de saúde de um paciente, desde o atendimento e agendamento até o acompanhamento pós-consulta. Boa parte desse trabalho pode ser automatizado, a um custo muito menor e com um ganho de eficiência e qualidade, usando agentes de inteligência artificial. É o que propõe a startup brasileira Doutor-AI, recém-chegada ao mercado.

Lançada oficialmente em fevereiro deste ano, A Doutor-AI já conta com 10 clientes, incluindo Conexa, Leve Saúde e Rede D’Or, e projeta ter mais de 10 milhões de eventos automatizados por seus agentes ao longo do seu primeiro ano de operação.

“Nosso público-alvo é corporativo: planos de saúde, operadoras de saúde, grandes hospitais, redes de clínicas e laboratórios. Nossa persona é o gestor da saúde, não o médico”, explica Maurício Honorato, fundador e CEO da startup.

A Doutor AI cria agentes para cada etapa dessa jornada, de acordo com as regras de cada instituição. Os agentes são integrados aos sistemas utilizados pelo contratante e passam a automatizar uma série de procedimentos burocráticos. Funcionam também em qualquer canal de contato com os pacientes utilizado pela instituição, seja seu site, app ou WhatsApp, por exemplo, sempre usando linguagem natural e inteligência artificial generativa para manter uma conversa fluida, mas dentro de limites previamente parametrizados.

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Maurício Honorato, fundador e CEO da Doutor-AI

Uma jornada convencional, fim a fim, custa entre R$ 180 e R$ 200 na rede privada, considerando desde o atendimento até o pós-consulta, incluindo o custo do médico para a consulta, estima Honorato. A Doutor-AI consegue reduzir os custos operacionais pela metade, variando entre R$ 90 e R$ 120, afirma.

“Reduzimos o tempo médio de atendimento, que fica mais assertivo. O agendamento custa uma fração do custo que teria com um ser humano”, garante.

Cabe lembrar que a solução não substitui a consulta médica em si, mas inclui ferramentas que conferem maior eficiência para o profissional de saúde. O agente adianta para o médico, em seu computador ou celular, informações sobre o paciente que ele vai receber, coletadas durante o agendamento, o que poupa tempo.

“Na triagem, antecipamos os problemas que um paciente teria em uma consulta. Fazemos uma espécie de pré-consulta, já entregando uma previsão para o médico. E este pode cuidar melhor do paciente, pois tem tempo disponível para fazer a sua função, sem preencher tantos dados. O paciente conta o histórico antes e o médico apenas valida e faz perguntas adicionais. O médico consegue ser profundo. Geramos mais qualidade clínica”, relata Honorato.

Apoio ao médico durante a consulta

A consulta, seja presencial ou remota, pode ser gravada e transcrita pela solução. O agente, em tempo real, atua como um copiloto do médico, relembrando protocolos da instituição e sugerindo perguntas para eliminar determinadas hipóteses. “Auxiliamos na assertividade diagnóstica”, afirma o executivo. O agente pode até sugerir remédios e tratamentos. Além disso, o agente emite um relatório para os gestores avaliando o atendimento prestado pelo médico.

Hoje a gravação e a interação com o agente durante a consulta acontecem pelo computador, mas em breve será lançado um app da Doutor-AI. E a startup estuda também importar um device da China que facilita esse procedimento quando acoplado a um smartphone.

Todos os dados são encriptados e armazenados de maneira separada para cada cliente. Segundo Honorato, a Doutor-AI já nasceu cumprindo a LGPD.

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Exemplo de tela do Doutor-AI (Crédito: Divulgação)

Modelos de negócios da Doutor-AI

A solução é dividida em módulos, que podem ser contratados separadamente por cada instituição, de acordo com as suas necessidades. Uma pode preferir automatizar apenas o atendimento e o agendamento, outra somente o co-piloto de consultas etc. Um primeiro piloto com utilização de ponta a ponta deve começar em breve, mas o nome do cliente não pode ser revelado por enquanto.

Para cada cliente, é desenvolvido um agente sob medida para a aplicação desejada, treinado para seguir as regras e procedimentos daquela instituição. No caso dos copilotos que acompanham consultas, é criado um agente para cada especialidade médica, e que também segue regras de procedimentos pré-definidas pelo cliente. A Doutor-AI já criou mais de 700 diferentes agentes.

Honorato reforça que os agentes podem ser integrados a qualquer sistema de TI pré-existente no cliente. “Não somos um sistema. Nos integramos ao sistema de preferência do cliente. O mercado de sistemas para saúde é um mar vermelho. É muito difícil uma rede mudar o sistema que já usa. Oferecemos agentes de IA que se plugam àqueles existentes”, explica.

A startup cobra um preço de implementação e depois um preço por uso dos agentes. O cliente pode aumentar a utilização ao longo do tempo. Todo mês a Doutor-AI entrega um relatório descrevendo o retorno sobre investimento que sua solução gera.

A solução usa uma combinação de LLMs e vem desenvolvendo sua própria base local de conhecimento, para consumir cada vez menos de tokens e baratear seus custos.

A ilustração no alto foi produzida por Mobile Time com IA

 

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