FABIANO MATTOS © Tatiana Farache Renato Mangolin Rio.FUTURO 001

Fabiano Mattos é advisor do Banco Maré

O Banco Maré nasceu em agosto de 2016 na comunidade carioca com apenas uma agência e um aplicativo. Desde então, o serviço financeiro – que apesar de levar a palavra “banco” é uma fintech – cresceu e se desenvolveu. Hoje em dia, conta com cerca de 10 mil clientes que usam o aplicativo e acaba de expandir para Heliópolis, comunidade da cidade de São Paulo.

Embora ainda sem previsão, o Maré e a Caixa Econômica Federal se juntaram para para levar a instituição financeira carioca para Arapiraca (AL). Trata-se de um projeto piloto e, caso dê certo, as duas instituições deverão expandir para outros municípios do País.

O Banco Maré não para por aí. Por conta própria tem a intenção de seguir também para cidades satélites de Brasília. Neste caso, seria um voo solo.

Segundo Fabiano Mattos, conselheiro da fintech, com essas expansões, a estimativa é que o Banco Maré cresça em número de usuários para 30 mil até o final de 2018. O conselheiro apresentou a instituição financeira no .Futuro Rio, evento sobre inovação que aconteceu nesta quinta-feira, 17, no Rio de Janeiro.

Como funciona

A fintech criou uma moeda digital, a Palafita (nome em homenagem aos primeiros habitantes da região, que moravam à beira da Baía de Guanabara), cuja cotação é um por um com o real. “A plataforma foi desenvolvida com blockchain para que ela pudesse crescer, extrapolar o aplicativo em si. Hoje, o blockchain serve para dar lastro, trilho e segurança às operações”, conta Mattos.

Hoje em dia, o cliente do banco pode pagar boletos, fazer compras nos comerciantes locais por meio de seu cartão de débito pré-pago, com empreendedores que possuam a máquina de POS da instituição financeira, ou pelo QR Code do app, e fazer transferências entre correntistas.

Atualmente, seu banco parceiro liquidante é o Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil, o Sicoob.

O início

O Banco Maré nasceu da iniciativa de Alexander Albuquerque, analista de sistemas que transitava com frequência pela Linha Vermelha, que tangencia a comunidade. Um dia, decidiu entrar e passou a oferecer aulas de programação para meninos e meninas. Mas o projeto acabou perdendo fôlego já que dentro do complexo não havia escolas voltadas para alunos do ensino médio. Albuquerque, então, passou a atender a outras demandas das pessoas que pediam sua ajuda e, por conta de uma dessas demandas, criou uma estrutura de serviços financeiros.

A fintech começou com uma agência no Complexo da Maré, comunidade de aproximadamente 200 mil moradores. Hoje, tem quatro. “A agência foi fundamental para que a gente ganhasse a confiança dos nossos clientes, mas o cliente pode fazer tudo pelo app”, afirma Mattos.

Modelo de negócios

Sem se aprofundar muito, Mattos explica que o modelo de negócios do Banco Maré se baseia em taxas cobradas com os pagamentos de boletos bancários e uma porcentagem nos pagamentos via máquinas de POS. Há também serviços oferecidos para os quais é cobrada uma taxa. “Temos uma parceria com uma empresa que presta serviços às operadoras de telefonia. Assim, ao carregar cartão pré-pago em R$ 10, você ganha R$ 10 de bônus no celular pré-pago. Nós ficamos com uma pequena taxa nessa transação”, descreve. O Banco Maré também oferece a seus clientes o Tem Saúde, convênio pré-pago para serviços de saúde, onde recebem uma porcentagem. “Vamos adicionando serviços à plataforma que nos monetizam”, explica Mattos.

De acordo com o excecutivo, o lucro do banco ainda é baixo. “Mas não é nossa preocupação. Queremos expandir o número de clientes. O que nos rentabiliza, hoje, é suficiente para manter nossa estrutura e estamos à procura de investimentos, também. Já iniciamos algumas conversas e estamos mostrando o potencial exponencial de crescimento do número de clientes. Como são muitos desbancarizados no País, nossa escalabilidade é grande”, conta.

 

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