No relatório de análise de crédito da Algar Telecom publicado nesta quinta-feira, 16, a agência de classificação S&P Global manteve o rating estável da operadora e apontou para tendência de uma “crescente geração de fluxo de caixa” por conta da expansão das operações da tele mineira e de medidas de eficiência. O cenário-base elaborado pela agência estima alta de 15% nas receitas B2B do grupo em 2019, de 17,5% em 2020 e de 13,5% em 2021. Em 2018 o segmento cresceu 8,4% (para R$ 1,546 bilhão), enquanto no primeiro trimestre de 2019 foram somados R$ 399,1 milhões de clientes corporativos.
“Esperamos que a empresa apresente margem EBITDA próxima a 38,5%-40%, dívida ajustada sobre EBITDA em torno de 2,2x e fluxo de caixa operacional livre sobre dívida abaixo de 10% nos próximos anos”, afirmou a S&P Global no relatório. Ainda assim, o efeito do alto volume de aportes sobre o fluxo de caixa livre da companhia é visto como risco. A S&P entende que uma estratégia de investimentos mais agressiva do que a projetada pela agência pode acarretar em um rebaixamento do rating.
Para 2019, a S&P Global prevê uma injeção de R$ 750 milhões em recursos pela Algar, seguida de R$ 730 milhões em 2020 e R$ 675 milhões em 2021. O investimento seria direcionado sobretudo à substituição da rede de cobre por fibra ótica (FTTH). “Esperamos que a Algar Telecom continue expandindo suas operações para novas cidades em regiões ainda pouco penetradas pela empresa, como as regiões Sul e Nordeste do país, por meio de pequenas aquisições estratégicas e de expansão e melhoria de sua rede existente no segmento B2B” afirma o relatório, que também nota a “pequena escala e pouca diversificação geográfica” da Algar quando comparada a concorrentes.
No caso do segmento B2C (para o consumidor final), a previsão é de aumento de 1% na base de clientes em 2019 e de 0,5% na receita média por usuário (ARPU), com quedas de preço pressionando as margens. “Esperamos que a Algar Telecom continue implementando medidas comerciais, com redução de preços e intensificação de iniciativas de marketing, além da substituição de redes de cobre por fibra ótica ao longo de 2019 e 2020 para aumentar sua atratividade a fim de defender sua base atual de clientes. Isso se deve a um aumento da concorrência de grandes participantes domésticos em cidades-chave para a empresa, como Franca, Uberaba e Uberlândia”, discorreu o S&P Global. Já em 2020 e 2021, o crescimento do segmento B2C deve ficar entre 1,5% e 2,5%. A banda larga fixa é considerada o grande vetor de crescimento da empresa tanto no segmento B2C quanto no corporativo.
Já na área de Tech, a projeção indica retração de aproximadamente 5% em 2019 “a partir da desmobilização de alguns clientes para manutenção de suas redes ao longo do ano e crescimento em linha com inflação nos próximos anos”. Ainda assim, a agência vê espaço para melhoras constantes de rentabilidade mediante implementação de medidas de eficiência.
Dívida e liquidez
A S&P Global também afirmou esperar que a dívida bruta da Algar aumente em cerca de R$ 240 milhões em 2019. Ainda assim, a agência nota que a operadora tem sido capaz de alongar o prazo médio de vencimento de sua dívida mediante novas emissões, além de reduzir seu custo. “No primeiro trimestre de 2019, o prazo médio de vencimento da dívida da Algar Telecom era de cerca de quatro anos. Esperamos que a empresa mantenha um nível relativamente estável de dívida ajustada, por volta de R$ 2,6 bilhões, com constante refinanciamento ao longo dos próximos anos”. Dessa forma, o nível de endividamento ficaria “relativamente estável”, com dívida ajustada sobre EBITDA em torno de 2x a 2,5x nos próximos anos. Em termos de liquidez, a S&P Global classifica a postura da empresa como adequada, “com as fontes sobre os usos de liquidez ultrapassando 1,3x nos próximos 12 meses, sendo que entendemos que a empresa tem flexibilidade para reduzir seus investimentos em caso de pressões de liquidez”.