Durante o MobiXD, evento promovido por Mobile Time em São Paulo, na última terça-feira, 16, executivos das editoras Planeta e Globo, além do aplicativo Skeelo, discutiram sobre o impacto do smartphone no mercado editorial. Todos concordaram que um dos grandes desafios atuais é desenvolver conteúdos específicos para o formato móvel, com características que os tornem atrativos na tela do celular.

“Eu acho que até mesmo a estruturação de capítulos, a maneira de apresentar o livro, inclusive títulos que não funcionariam no impresso”, apontou Gerson Ramos, diretor comercial da editora Planeta, para quem o smartphone é uma grande revolução na distribuição de livros digitais. Ainda assim, ele salientou que as editoras não sentem o impacto disso diretamente nas vendas.

André Palme, CMCO (Chief Marketing e Content Officer) do aplicativo Skeelo, que distribui e-books e audiobooks, lembrou que uma das características do celular é a leitura fragmentada. “Em muitos momentos durante o dia, você pode pegar o seu celular, ler duas, três páginas, um capítulo. De repente, você lê muito mais do que se você tiver que sentar meia hora no ritual de leitura”, explicou.

MobiXD

Da direita para a esquerda: Fernando Paiva, diretor do Mobile Time; André Palme, CMCO da Skeelo; Mauro Palermo, diretor geral da editora Globo; e Gerson Ramos, diretor comercial da Planeta. (Crédito: Izilda França/Mobile Time)

O Skeelo, que atingiu a marca de 5,5 bilhões de livros distribuídos nos seus quatro anos de existência, já vem fazendo isso por meio de um formato que Palme chama de minibooks. São histórias seriadas, feitas para serem consumidas de 10 a 12 minutos. Ele contou que estes livros possuem uma taxa de finalização de leitura de 80%. “Além dele ser um produto de entrada muito interessante para quem não tem o hábito de ler digitalmente, ele está adequado ao hábito de micromomento, de consumo fragmentado”, disse.

“A grande revolução vem daí, principalmente porque, ao distribuir através do smartphone esse conteúdo para o leitor, permite que o hábito da leitura se torne mais frequente, de uma maneira orgânica, sem ser forçado”, complementou Ramos.

Inteligência artificial

O CMCO do Skeelo destacou como a inteligência artificial (IA) pode ser usada para narração de audiolivros. Há um ganho de escala porque há redução no preço e no tempo necessário para a gravação. O que leva uma média de quatro semanas para ser narrado por um humano é diminuído para algumas horas, em IA. O custo de produção é de aproximadamente um quinto de um e-book.

“Para conteúdos de não-ficção já funciona muito bem. Para conteúdos de ficção, é um pouco mais difícil, você tem uma uma questão de como contar a história, o tom”, argumentou Palme.

“Tem realmente a possibilidade de escalar o mercado e fazer com que tenha mais catálogo disponível para ser ouvido. Isso é bom para todo mundo – players, editoras, consumidores”, disse o executivo, para quem o formato de audiolivro é ainda mais conectado com o mobile, pela característica de poder ser consumido concomitantemente a outras atividades. “Eu sempre falo que o audiolivro é o formato do ‘enquanto’. Você consome enquanto você está no metrô, no ônibus. Ele tem uma expressão ainda maior e mais exponencial com mobile.”

“Ele tem uma vantagem em relação ao próprio e-book, além da acessibilidade e da portabilidade. E tem a vantagem de a gente ouvir em paralelo com qualquer outra atividade, por exemplo, correndo, andando, cozinhando”, concordou Mauro Palermo, diretor geral da editora Globo.

 

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