A TCS, braço de consultoria em TI da gigante indiana Tata, fatura atualmente US$ 11,6 bilhões ao ano, o que representa quase 12% da receita global de sua controladora (a Tata fatura US$ 100 bilhões ao ano). Desse total, cerca de 4% provém da América Latina. A região é um dos focos de crescimento da empresa no mundo, com crescimento médio próximo a 20% ao ano. O CEO da TCS, Natarajan Chandrasekaran, mais conhecido como Chandra, esteve no Rio de Janeiro nestas segunda-feira, 17, e conversou rapidamente com MOBILE TIME entre um encontro e outro de negócios e falou sobre a importância de combinar uma análise de big data entre setores diferentes, como o de telecom, o varejista e o financeiro.

MOBILE TIME – O senhor diz que aprender faz parte da cultura corporativa da TCS. O que aprenderam sobre o Brasil até agora?

Natarajan Chandrasekaran (Chandra) – Aprendemos com o Brasil como é importante acreditar em inovação. Veja o caso da Petrobras: ela foi aonde não havia petróleo e descobriu um novo campo (N.R.: Chandra havia acabado de voltar de uma reunião com a Petrobras. Ele se refere ao pré-sal). O sistema de pagamentos e os bancos brasileiros também são bons exemplos disso. O foco em pesquisa e desenvolvimento no Brasil é inspirador.

No Brasil, a Índia é vista como um mercado para terceirização barata de serviços de tecnologia da informação (TI). Qual a sua opinião sobre essa visão?

Não se cria uma indústria de US$ 100 bilhões só sendo barato (N.R.: Chandra se refere ao faturamento anual do grupo Tata, controlador da TCS). Não diria que somos um mercado de outsourcing, mas de consultoria de TI. E veremos no futuro mais empresas de sucesso de tecnologia vindas da Índia, além da TCS. O mercado demandará mais talento do que há disponível no mundo. Por isso, não haverá competição. Será necessária mais tecnologia nos carros, nos aviões, nas máquinas de POS, no cartão de credito e até em nós mesmos.

Qual o papel da tecnologia móvel no negócio da TCS hoje?

Toda operadora está mudando de voz para dados. E uma vez que as redes de telecom se tornem mais sofisticadas, não haverá limites para inovação e compartilhamento de conteúdo. O futuro será a combinação de tecnologias, como 4G, computação em nuvem, dispositivos móveis e análise de dados em tempo real. Isso fará com que os mundos de telecom e TI se juntem. A TCS já trabalha com muitas operadoras ao redor do mundo, na Índia, nos EUA, na Europa, na Ásia e na América Latina.

Quais são os principais serviços oferecidos pela TCS para operadoras móveis?

Plataformas de OSS, BSS, mediação, customer care, M2M etc. O segredo é trazer todas essa tecnologias para um contexto de gerar valor para os negócios. No futuro haverá carros sem motoristas. Haverá trânsito sem acidentes, pois os automóveis vão se comunicar entre si e com os semáforos à frente. Vai precisar de muita tecnologia para ter esse gerenciamento otimizado de tráfego. O mesmo acontecerá no campo da saúde, com monitoramento em tempo real de nossos corpos.

E quanto ao tão falado big data? Tenho a impressão de que as teles ainda aproveitam pouco todo o potencial de análise dos dados que trafegam em suas redes…

Estamos trabalhando com varejistas e teles para processar um grande volume de dados em tempo real. Essa captura e análise permitirá no futuro o que chamo de "computação antecipada". Estamos investindo pesado em big data para isso. Será um trabalho conjunto entre os sistemas de teles, varejistas, bancos etc. Sistemas  que hoje não estão conectados.

Acredita que no futuro esse setores vão integrar seus sistemas para uma análise de big data?

Sim, todos esses setores vão trabalhar juntos na análise de dados.