| Publicada no Teletime | A proposta de reduzir pela metade os blocos de 26 GHz que serão disponibilizados no leilão de 5G não tem o apoio de fornecedoras como Nokia e Qualcomm, que vislumbram limitações no uso do espectro. Já pelo lado das operadoras, a Oi não vê grande impacto no curto prazo.
Relator do edital de 5G na Anatel, o conselheiro Emmanoel Campelo, introduziu nesta semana o novo desenho com 16 blocos de 200 MHz, em vez de oito blocos de 400 MHz. Na deliberação final sobre o formato do leilão (que pode ocorrer na semana que vem), a agência deve bater o martelo se esta será a divisão da faixa de ondas milimétricas.
CTO da Nokia para América Latina, Wilson Cardoso, entende que a mudança não é conveniente. Ao Teletime, o executivo afirmou que os equipamentos para a faixa de 26 GHz foram projetados considerando 400 MHz de largura de banda. Assim, blocos menores do que este levariam à subutilização da faixa.
“Estamos falando de equipamentos que cobrem pouca distância, de centenas de metros. Se subutilizar, inviabiliza o caso de uso”, afirmou Cardoso. Segundo ele, os testes em 26 GHz da Nokia e da Vivo no Rio de Janeiro utilizam largura de 400 MHz, ao passo que lá fora, a agregação de duas portadoras de 400 MHz tem ocorrido.
A Qualcomm foi outra a apontar 800 MHz como a largura de banda ideal para as ondas milimétricas, que têm a empresa como entusiasta. Para o VP de relações governamentais da fornecedora na América Latina, Francisco Giacomini, o formato em blocos de 200 MHz pode inclusive diminuir o interesse na faixa.
Uma das razões seria o risco de fragmentação, visto a chance de uma operadora que queira somar 400 MHz não conseguir blocos contíguos durante o leilão. Pelo lado da Nokia, Wilson Cardoso colocou acordos de RAN sharing como potencial saída técnica, mas que não interessaria para as teles no aspecto comercial e concorrencial.
Assim, a Qualcomm entende que uma eventual economia com blocos menores “não faria sentido no longo prazo”, de acordo com Giacomini.
Oi
A Oi ainda está avaliando se disputa o 26 GHz, mas não vê impacto imediato com a configuração de blocos menores, de acordo com o presidente da operadora, Rodrigo Abreu.
“O 26 GHz não vai ser usado para aplicações massivas, mas para acessos com densidade menor. No curto prazo não deve ser problema, mas talvez cause algumas limitações mais para frente”, apontou o executivo.
Ainda segundo Abreu, a abordagem da companhia para a faixa poderá ser tanto por meio da Oi quanto da V.tal, que então ofereceria serviços no atacado para demais operadoras. Variáveis como custo de modems, dispositivos e obrigações devem influir na decisão.
Prazos
Cabe lembrar que são os recursos de 26 GHz que vão financiar a conectividade em escolas públicas de ensino básico. No formato proposto por Campelo, caso não haja interessados nos blocos de 200 MHz em primeira rodada, os mesmos vão para segunda rodada com metade do prazo para exploração (de 20 para 10 anos) e também metade do preço.