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A transformação digital e o desenvolvimento dos modelos de negócios trazem desafios para as empresas. Esse foi o consenso de especialistas que debateram o tema nesta quarta-feira, 17, na Futurecom 2018, em São Paulo.  “Modelo de negócios em transformação digital não tem fórmula mágica. Se funciona em uma empresa, não funciona em outra”, frisou Bruno Santos, CTO do PSA Group, ao descartar a ideia de um modelo de monetização certo ou único.

“Nós estávamos bem obsoletos em algumas tecnologias. Não eram todos os nossos colaboradores que tinham acesso à web quatro anos atrás, por exemplo. A ruptura começa de dentro para fora da empresa”, completou o executivo da montadora de automóveis. “No nosso caso, uma empresa com 200 anos de atuação, a transformação digital foi darwinista, ou a gente se adaptava ou morria”.

Durante conversa sobre o tema no terceiro dia da Futurecom, Santos explicou que o principal ponto da transformação digital é o cliente. Para ele, as ações têm que ser voltados para o consumidor perceber os benefícios dela em seu cotidiano. Na outra ponta da cadeia, os trabalhadores e fornecedores também precisam entender a mudança.

Outro executivo que apresentou uma importante mudança em uma tradicional companhia foi Fernando Moulin, diretor de experiências digitais da Vivo. Lembrou que o processo de inovação digital começou oito anos atrás, com a criação da unidade digital, mas apenas se tornou parte do pensamento da empresa em 2014.

“Em geral as empresas tradicionais vieram de um modelo taylorismo e fordista. Incorporar a inovação das startups esbarra neste modelo tradicional. É fundamental ter o apoio do CEO, como nós tivemos. Se ele não assume essa posição, não há transformação. No máximo, vira um case legal em uma revista”, explicou Moulin.

“O grupo aprendeu a duras penas as mudanças da transformação digital. Nós percebemos que precisávamos ser uma empresa 100% digital e de plataformas, quatro anos atrás. Temos dois modelos de negócios hoje, captura de novas fontes de receita com captura de dados, e, em paralelo, ter eficiência de valor com a criação de novas ferramentas”, completou.

Por sua vez, Manoel Moya, diretor da CSG International, frisou que o primeiro ponto de mudança “precisa ser a definição do modelo de negócios e depois o desenvolvimento da tecnologia”. Moya ressaltou ainda que é importante que o modelo de negócios seja definido “não apenas por finanças”, mas atrelando um modelo de ajuste social, com “apoio à educação, desigualdade social e segurança.”

Veia empreendedora

Durante o painel, os executivos também discutiram sobre inovação entre empreendedores. Para o CBO da Zaitt, Rodrigo Miranda, a única opção para as startups é inovar. Mas isto não é uma tarefa fácil: “Inovar é algo doloroso. O empreendedor precisa se perguntar: Qual o negócio que vai quebrar o meu negócio? Qual é a próxima onda? Inovação precisa partir da ideia de resolver problemas dos usuários. Inovar não pode ser um processo. É super incômodo ter que inovar. Só que o risco de não inovar é muito maior”.

Nascido de uma cultura de transformação, Douglas Tokuno, líder do Waze Carpool no Brasil ressaltou que “para inovar é preciso arriscar”. Ele citou o caso de sua empresa como alguém que inovou e arriscou, uma vez que preferiu escalar e ter usuários no segmento de navegação por mapas, antes de desenvolver seu modelo de negócios baseado em publicidade.

Outro empreendedor, o CEO da Flapper, Paul Malicki, apontou que a transformação digital é antes de tudo “uma mudança cultural”. E que ela acontece apenas “uma vez” por meio de um processo interativo. Enfatizou ainda a necessidade de montagem de equipes aliadas à cultura e com inteligência emocional, além da necessidade de analisar os movimentos do mercado.

 

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