Em discurso durante painel na Futurecom nesta quarta-feira, 17, o presidente da Telefônica/Vivo, Eduardo Navarro, reiterou a necessidade de políticas direcionadas à digitalização da economia. Em uma espécie de “recado ao futuro presidente”, o executivo listou formas com as quais a tecnologia poderá ajudar a endereçar problemas estruturais do Brasil, como a produtividade, a segurança pública e a educação. “Os problemas só serão resolvidos com a velocidade necessária se a gente entender que a aplicação no nosso cotidiano de técnicas como automatização, a digitalização, os prontuários eletrônicos e a inteligência na polícia vão transformar o Brasil”, declarou ele em conversa com jornalistas após apresentação.
“Outras economias estão se transformando, Coreia, China, Índia, alguns vizinhos nossos. Temos que fazer – e rápido. Não fazer é oportunidade perdida”, completou. Navarro disse que se coloca à disposição para “sentar e discutir” com o futuro presidente, seja já no dia 1º de novembro ou somente a partir de 1º de janeiro de 2019, após a posse. “O momento é difícil para o Brasil e vai determinar como o País será nos próximos cinco a dez anos.”
Para ele, governo, sociedade e empresas devem estabelecer um novo pacto digital, citando o recente manifesto que a Telefônica divulgou no começo deste mês. “Não é um novo problema, é a nova oportunidade para resolver questões como educação, saúde, segurança, desigualdade e baixa competitividade”, diz.
Investimentos
Ele pontuou o baixo retorno sobre investimento no setor, embora os aportes continuem sendo significativos. “Não é falta de investimento ou porque estamos mandando dinheiro para acionistas, estamos investindo muito e com baixo retorno sobre capital”, declara. “O setor requer investimentos, mas quando se compara à média de investimento com outros países, na relação de Capex/receita, estamos com 20,9%, e só estamos atrás de um país (a Índia, com 21,3%).”
Há ainda a questão do fardo regulatório que o setor precisa enfrentar. O executivo lembra que a destinação de fundos setoriais para telefonia fixa é “dinheiro jogado fora de quem não tem”. Por outro lado, destaca como a digitalização pode ajudar no desenvolvimento do País: especificamente no setor rural, Navarro disse que sem a agricultura de precisão, a produção não será dobrada. Pelo lado da logística, diz que é o consumo de água e energia também pode ser beneficiado com a conectividade e inteligência embarcada evitando desperdícios.