Frente à necessidade de combater a concorrência com provedores de serviços over-the-top (OTT), as operadoras passam por um desafio de se adequar à nova realidade de mercado, mas há ainda reticência. Segundo pesquisa realizada pela IDC a pedido da Amdocs e divulgada nesta quinta-feira, 18, 68% dos executivos de teles na região do Caribe e América Latina preveem que a indústria tem capacidade tecnológica para transformar-se em digital, mas acham difícil completar a transição rápido demais. No mundo, a proporção de executivos que acreditam contar com o necessário para a transformação é de 69%, com o maior índice na Europa (80%) e o menor na América do Norte (62%).
O prazo estabelecido de cinco anos para a indústria passar por essa mudança é longo demais para 58% dos entrevistados na América Latina e Caribe, que imaginam que serão deixados para trás por outros setores. No mundo, a média é de 64%, com a maior preocupação vinda da Ásia/Pacífico (76%) e da América do Norte (62%).
A pesquisa foi realizada com 81 operadoras nas regiões Ásia Pacífico (26%), Europa (25%), América Latina (23%) e América do Norte (26%). Segundo a Amdocs, 46% dos entrevistados ocupam posição sênior (nível C). A IDC realizou o levantamento entre dezembro do ano passado e janeiro deste ano.
Para o vice-presidente da Amdocs para a América Latina, Renato Osato, o posicionamento reticente das operadoras não está necessariamente atrelado ao medo das OTTs. Quando perguntado por que as teles permanecem focando nas receitas de serviços tradicionais, ele explicou que "a conta é simples: a maioria da receita vem da VU-M, interconexão, da mensalidade do telefone; o resto é receita variável, e do ponto de vista empresarial, faz sentido". Na visão dele, é um desafio para todo o setor se adequar a um mundo em constante transformação.
Osato acredita também que a discussão regulatória que tem cercado o tema das OTTs precisa chegar a uma conclusão de uma vez por todas. "As empresas têm que sair dessa discussão eterna para poder andar para frente", afirma. O executivo enxerga também que o debate tem um forte cunho econômico, citando as conversas sobre neutralidade de rede nos Estados Unidos e Europa, que envolvem mais a questão econômica do que a do consumidor, segundo ele.
Apesar de 84% dos tomadores de decisão reconhecerem a necessidade, apenas 32% das empresas no mundo contam com um diretor executivo digital (chief digital officer – CDO), segundo o vice-presidente de vendas da Amdocs para CALA, Edson Paiva. A pesquisa mostra que 53% das operadoras na região da América Latina e Caribe ainda não possuem estratégia digital. Paiva diz que os maiores obstáculos para as teles são a falta de uma estratégia clara, a baixa adoção de canais digitais, um ambiente de sistema multifornecedores, a quantidade de processos manuais e o legado, que atrasa o desenvolvimento do negócio.