O mercado brasileiro de games móveis vem se desenvolvendo gradativamente, com o surgimento e o fortalecimento de vários estúdios locais, como destacado em uma série de matérias publicadas neste noticiário em setembro do ano passado (veja as matérias relacionadas abaixo). Com a maturidade, aparece a necessidade de novos elos nessa cadeia de valor. Um deles é a figura do publisher de games, responsável pela publicação em lojas de aplicativos e outros canais de distribuição e pelo investimento em marketing antes, durante e depois do lançamento. É natural que estúdios bem-sucedidos busquem esse caminho e se tornem publishers para jogos de terceiros, aproveitando seu próprio catálogo e sua base de usuários para promover novos títulos. É exatamente o que fez a Gazeus, desenvolvedora de mais de 40 jogos móveis, dentre os quais Tranca, Buraco, Sueca, Paciência, Dominó, e que soma 3,5 milhões de usuários. A Gazeus acaba de criar uma spin-off, a Leela Games, que vai operar separadamente dela como um publisher.
A Leela Games está neste momento analisando 20 jogos, dos quais dois nacionais já estão em fase de fechamento de contrato para lançamento entre abril e maio. A empresa pretende investir cerca de US$ 10 mil em cada título no lançamento, mas o trabalho será contínuo, com mensuração dos resultados, realização de ajustes e reinvestimento.
"O mercado de games mobile evoluiu muito rápido nos últimos anos. Apesar da publicação na loja diretamente pelo desenvolvedor ser totalmente possível, são necessárias algumas coisas a mais para o jogo ter sucesso", avalia Carlos Estigarribia, diretor-executivo da Leela Games. É aí que o publisher exerce o seu papel, ajudando em três pontos: 1) pensar na monetização adequada do produto; 2) investir em aquisição de usuários durante o soft-launch, o lançamento e o pós-lançamento; 3) acompanhar os índices de retenção, monetização e performance do jogo, contribuindo com sugestões de ajustes após o lançamento. "Trabalhamos com títulos no modelo free2play. Encaramos o jogo como um serviço, não um produto que após lançado não precise de melhorias", explica o executivo.
O lucro obtido pelo game é dividido entre publisher e desenvolvedor. A proporção varia a cada caso, dependendo muito do estágio de maturidade do jogo e o grau de investimento de cada lado.
Títulos internacionais e licenciamento
A Leela também se posiciona como um publisher para jogos estrangeiros que queiram monetizar melhor no Brasil. Para tanto, aposta no conhecimento adquirido através da Gazeus com as campanhas de lançamento de seus 40 jogos no País.
"Para um estúdio/publisher de fora, o mercado brasileiro possui algumas características únicas que ele levaria tempo até aprender, desde app stores Android alternativas e clubes de apps até integração com meios de pagamento locais. Já temos esses contatos e iremos disponibilizar um SDK que permite aos estúdios ficarem conectados a todas essas formas de pagamento locais", explica o executivo. "Além disso, o consumidor brasileiro pensa de um modo diferente em relação a compras in-app e publicidade. Um jogo asiático, por exemplo, geralmente é carregado de anúncios logo de cara, o que não é aceitável aqui, enquanto que o formato de "video reward" atualmente vem performando muito bem", compara.
Para jogos estrangeiros de RPG, a Leela Games vai oferecer suporte local e gerenciamento de comunidade em português.
Por fim, a empresa pretende trabalhar também com o licenciamento de marcas para jogos mobile, negociando com detentores de direitos para a criação de games para smartphone.