Os produtores rurais brasileiros estão aptos e ávidos para receber novas tecnologias: 94% deles possuem telefones celulares. Destes, 68% são smartphones. Foi o que afirmou Cléber Soares, diretor de inovação da agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, na quinta-feira, 18, durante audiência pública na Câmara para discutir os impactos do 5G e a importância da conectividade no campo.
Soares chamou a atenção para um estudo do ministério em parceria com a Esalq (Escola Superior de Agricultura Luís de Queiroz), da USP, que aponta que apenas 23% do território agrícola brasileiro tem algum nível de conectividade. “Por outro lado, quando falamos em conectividade, não estamos falando apenas em 2G, 3G, 4G ou 5G. A conectividade é a pavimentação da estrada, a primeira grande camada. Nosso ambiente rural é diverso em termos de localização e até posicionamento biogeográfico. Portanto, temos que olhar para outros modelos, como fibra e satélite, até porque não dá pra levar torre para todos os rincões do Brasil”, ponderou.
O presidente da Anatel, Leonardo Euler, que também participou da reunião, disse que 89,2% da população brasileira atualmente é atendida pelo 4G. Contudo, esta distruibuição não é uniforme: entre 12 mil e 14 mil localidades não dispõem de cobertura SMP. “Queremos utilizar a faixa de 700 MHz para este fim e o campo será beneficiado com isso, sobretudo com o compromisso de aumentar a conectividade nas estradas”, afirmou.
Em sua fala, Euler confirma que o 5G favorecerá o escoamento da produção agropecuária do Brasil. “O 5G é o principal gateway de conexão das coisas no mundo: é capaz de conectar 1 milhão de dispositivos por km quadrado. Se o 4G já é importante no agronegócio, atingindo um raio de 2 mil km quadrados, o 5G permitirá isso com uma taxa de confiabilidade muito maior”, disse.
Cléber Soares justificou a urgência da ampliação da conectividade para o agronegócio com uma projeção: “Se aumentarmos 25% da conectividade no campo, em dois anos, seriam necessárias 4.400 torres a mais no Brasil. O impacto disso seria um aumento de cerca 6,3% do valor bruto da produção agropecuária brasileira. Já, se o aumento fosse de 80% a 90% desta conectividade, seriam necessárias 15.800 torres, e isso representaria um impacto de 10,2% sobre este mesmo valor bruto. Isso significaria um valor adicional de 100 bilhões de reais a mais movimentando nossa economia. E, se fosse com tecnologia 5G, este valor subiria para 150 bilhões. Isso é simplesmente revolucionário”, completou.