O 6G começa a ganhar forma como uma evolução natural do 5G, a partir de 2025. A tecnologia passa da fase de estudos para a etapa de validação das teorias sobre a próxima geração das redes celulares – que deve chegar à população em 2030. É o que acredita Luciano Leonel Mendes, coordenador do xGMobile do Inatel.
Durante o Fórum de Operadoras Inovadoras, evento organizado por Mobile Time e Teletime nesta terça-feira, 18, em São Paulo, o especialista afirmou que “o 6G está nascendo de fato em 2025” com suas primeiras funcionalidades e atributos em discussão.
“Há muita pesquisa sobre esse tema. Mas nós temos o ciclo de desenvolvimento, cujo tempo médio é de dez anos. Por isso, precisamos pesquisar hoje a rede que faremos daqui a dez anos. Caso contrário, não teremos soluções importantes para o país”, comentou.
Os desafios para a construção do 6G
Em sua visão, o principal desafio será na parte de espectro, seja pela alocação de espectro de frequências em uso, como as do 3G, ou pela necessidade de licitar e estudar novas frequências, como faixas em Sub terahertz. Explicou que a sexta geração demandará aumento da banda com reuso de frequência.
“No Brasil, ainda temos deficiência de cobertura, por exemplo. Frequência baixa ajuda, mas precisamos achar novas formas de acesso. Será que só o modelo de licenças vai resolver as demandas de agro e indústria? Ou precisaremos de novas formas de alocação de espectro? Talvez espectro não licenciado para o 6G”, sugere.
Além das frequências do 3G (900 MHz e 2,1 GHz), Mendes detalhou que há discussões para uso de faixas acima do 6 GHz e abaixo do 10 GHz e em sub terahertz, com faixas até 110 GHz. O especialista afirmou que caso ocorra o refarming do 3G, o ideal é que a frequência seja destinada para redes celulares, independente da geração. Assim, a tecnologia pode ser usada no 5G, 6G e próximas gerações.
Também disse que será necessário garantir o uso da inteligência artificial por toda a rede, além do core. Sobre o quão longe estamos das redes de telecomunicações completamente baseadas em IA, Mendes respondeu que a IA para processamento de sinais é mais factível hoje, mas para entrar no core e na gestão da rede há necessidade de mais estudos para garantir segurança.
Sobre o risco de ter dois padrões de 6G, um oriental e outro ocidental, em razão das disputas geopolíticas, o representante do Inatel acredita que este não é o problema atualmente e que as discussões que envolvem academia, reguladores e desenvolvedores caminham mais para um padrão único e global.
Imagem principal: Luciano Leonel Mendes, coordenador do xGMobile do Inatel (foto: Galeria Marcos Mesquita)