A valoração dos aportes em startups e scale-ups no Brasil têm recuado em comparação aos anos anteriores, afirmou Marcelo Lombardo, CEO da plataforma de ERP Omie. Durante evento organizado por Santander e Distrito nesta terça-feira, 18, o executivo explicou que este movimento também traz menos captações de dinheiro no mercado.
“Na verdade, tudo desceu um patamar. Mas eu não diria que está mais fácil, nem mais difícil. Está só um pouco diferente. Talvez mais seletivo, porque nesse momento, nós temos que dar muito foco na execução, entrega dos resultados e das métricas”, disse o CEO, que comprou a empresa de crédito Linker em agosto de 2022.
Lombardo também explica que a partir dessas reduções em valuation e menor funding, há uma mudança na dinâmica do mercado com os investidores, que olham para a execução, entrega das métricas e dos resultados das novas entrantes: “Antes, éramos abertos para começar novos projetos. Agora, a tendência – principalmente com as scale-ups – é fazer cada vez fazer menos, mas bem executados. Isso antes de abrir novas frentes de investimento. Quando o capital está muito barato é fácil você abrir muito à frente”, complementou o CEO.
Movimento saudável
Karolyna Schenk, diretora executiva de M&A da TOTVS, afirmou que essa mudança foi “muito saudável”, pois colocou em voga a rentabilidade das empresas que buscam investimento: “Não havia preocupação nenhuma com rentabilidade (das startups e scale-ups). Muitas vezes eu chegava para conversar com potenciais targets e perguntava sobre EBITDA e ouvia uma surpresa (nada agradável)”, relatou.
“Antes, a cobrança era muito na parte principal do negócio, menos na sustentabilidade. Portanto, acho que essa (rentabilidade) foi uma grande mudança no mercado e espero que isso perdure para o bem de muitas empresas”, concluiu.
Ciclo natural
Por sua vez, Gustavo Castro, sócio da consultoria de M&A DealMaker, lembrou que essa movimentação de redução do funding é natural e cíclica, uma vez que a redução da liquidez ocorre a cada dez anos. Mas discordou dos outros dois colegas e não acredita que as valuation foram reduzidos. Entretanto, Castro afirmou que ainda existem diversas oportunidades com inovações aceleradas por novos modelos de negócio e pela regulação.
“Continuamos vivendo um momento positivo no Brasil. As oportunidades estão aí. Se olharmos só o Banco Central como exemplo, estamos falando CBDC, real digital, blockchain e DeFI (conjunto de serviços e produtos financeiros, como empréstimos, transferências e sistemas de pagamentos, que rodam em blockchain). Isso de fato vai transformar o mercado. Então, certamente uma coisa sabemos: o mercado vai ser bastante diferente, porque estamos vivendo essas transformações”, afirmou.