A Google Play não é a única fonte de distribuição de aplicativos Android. Em mercados como a China, há uma infinidade de lojas independentes de apps para esse sistema operacional, a maioria controlada por players locais de Internet. Na América Latina, uma empresa mexicana quer começar a concorrer com a loja oficial do Google: trata-se da Naranya, que acabou de criar o seu Naranya Market. A proposta é ser uma espécie de supermercado de conteúdo móvel, vendendo não apenas aplicativos, mas também filmes, músicas ou qualquer outro conteúdo digital. "A ideia é ser uma Walmart digital", resume Agustín Gutiérrez, country manager da Naranya no Brasil.

O Naranya Market vai operar tanto como loja independente, cujo lançamento oficial acontecerá em breve, quanto no modelo white label com operadoras, fabricantes de aparelhos e distribuidores. Gutiérrez aposta que as operadoras vão apoiar a ideia. "Elas estavam fora dessa festa (de venda de apps) e agora vão poder entrar nela", compara. O primeiro contrato do gênero foi com a América Móvil, para toda a América Latina, começando pelo México, onde entrou no ar há pouco tempo. Há negociações em curso no Brasil com Claro e Vivo. A expectativa é que a loja esteja no ar em dez países até agosto.

A grande vantagem é o fato de a loja da Naranya estar conectada ao billing de dezenas de operadoras na América Latina, o que facilita a venda para usuários pré-pagos que não têm cartão de crédito. O carrier billing, contudo, demanda um custo de divisão de receita com as operadoras latino-americanas, o que não é baixo, embora a proporção possa variar a cada contrato. Percentualmente, o desenvolvedor ganha menos do que na Google Play, porém, pode conseguir gerar uma receita maior em números absolutos por atingir um público que não teria outra forma de comprar seu conteúdo que não através do sistema de faturamento da operadora. Para incentivar a adesão dos desenvolvedores, a Naranya está disposta a ceder 100% da sua parte na receita para os desenvolvedores promocionalmente, neste começo de vida da loja.

Além disso, a Naranya se dispõe a investir em marketing para promover os aplicativos dos desenvolvedores. "Não somos gigantes como Google e Apple. Somos pequenos e mais dinâmicos. Estamos abertos a qualquer ideia e iniciativa de promoções", explica Gutiérrez.

Para atrair desenvolvedores ao redor do mundo, a companhia abriu escritórios na China, em Israel, na Europa e nos EUA. A ideia é ser uma alternativa para os desenvolvedores que querem gerar receita na América Latina e não estão conseguindo através das lojas tradicionais. O catálogo do Naranya Market nasce com 140 mil títulos e a expectativa é chegar a 200 mil até o final do ano. "Somos uma porta a mais para desenvolvedores que queiram fazer negócios na América Latina com seus conteúdos digitais. Somos complementares à Google Play e à App Store", acrescenta.

A loja funcionará com qualquer modelo de negócios, como venda de downloads, pay per view, freemium e até clubes de assinaturas. Gutiérrez entende que o Naranya Market não concorre diretamente com os clubes de apps lançados pelas teles brasileiras com a Bemobi. Ao contrário, esses clubes de apps poderiam fazer parte da sua loja.

Distribuição

Segundo o executivo, o maior desafio da Naranya nesse projeto é a distribuição da própria loja. Além dos acordos white label com as teles, a empresa negocia parcerias similares com fabricantes e distribuidores de celulares. Estes conseguiriam uma fonte de receita adicional, participando do revenue share, e também um novo canal de comunicação com os consumidores. Um primeiro acordo foi fechado com a Alcatel One Touch.

 

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