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Demonstração do Ginga D em estande do Fórum SBTVD na SET (Foto: Deisy Feitosa)

A partir do ano que vem, televisores de tela plana produzidos no Brasil começarão a sair de fábrica com a nova versão do middleware de TV digital nacional, o Ginga D. A maior novidade é a sua integração com aplicativos de smart TV instalados no televisor e com aplicativos móveis em smartphones ou tablets que estejam conectados na mesma rede Wi-Fi.

Foi determinado, entre as novas regras do Processo Produtivo Básico (PPB) de televisores com tela de cristal líquido, que 30% das unidades fabricadas no Brasil em 2021 deverão vir com Ginga D. O percentual sobe para 60% em 2022 e para 90%, em 2022. O nome comercial da tecnologia, para padronizar a comunicação com o público, será DTV Play.

Interatividade

O Ginga D terá uma API que permitirá a integração entre a radiodifusão da TV aberta com apps da mesma emissora instalados no televisor ou em dispositivos móveis próximos. Isso abre um leque de possibilidades de novos serviços interativos. Abaixo, estão listadas algumas ideias:

1) Publicidade segmentada – Pelo login em aplicativo de streaming na TV ou em dispositivos móveis próximos, a emissora pode saber quem está assistindo a sua programação linear no televisor e, com essa informação, prover uma publicidade personalizada, transmitida pela banda larga no lugar daquela recebida pela radiodifusão, no intervalo dos programas.

2) Recomendação de conteúdo – O usuário que estiver assistindo a um determinado programa de TV sob demanda em um app da emissora na televisão ou em seu smartphone/tablet poderá ser avisado em tempo real caso um outro episódio comece a ser transmitido ao vivo. E vice-versa: quem tiver assistido a determinada série na programação linear poderá ser avisado da existência de outros episódios para ver sob demanda quando se conectar ao app da emissora na TV ou no smartphone/tablet.

3) Comércio eletrônico – Produtos e serviços que aparecem durante a programação linear assistida pelo usuário poderão ser oferecidos para compra através de apps na smart TV ou nos dispositivos móveis.

Os perfis anteriores do Ginga já permitiam certa interatividade, mas houve baixa adesão dos radiodifusores. Agora, com o perfil D, pode ser diferente. “A percepção que eu tenho é que os radiodifusores estão muito mais interessados pelo perfil D do que estiveram pelos anteriores, A, B e C, porque antes não havia uma definição mais clara do modelo de negócios”, comenta Álan Guedes, pesquisador do Laboratório de TeleMídia do Departamento de Informática do Centro Técnico Científico da PUC-Rio (CTC/PUC-Rio), um dos braços de desenvolvimento do padrão Ginga dentro do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre.

Duas ressalvas técnicas precisam ser esclarecidas: 1) a integração entre dispositivos móveis e o middleware Ginga D só acontece quando o televisor está ligado e conectado à mesma rede Wi-Fi; 2) o acesso à API do Ginga D é restrito a apps da mesma emissora, isto significa que ela só consegue enxergar seus próprios espectadores, enquanto estes assistem a sua programação, não os de emissoras concorrentes.

 

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