Elon Musk alterou os servidores do X (antigo Twitter). Se antes estavam em um IP do Twitter-Network, agora migraram para a rede da Cloudflare no Brasil. A mudança fez com que os IPs fixos que foram bloqueados passassem a ser espelhados para IPs novos. Ou seja, a rede social adotou um novo caminho para chegar até os usuários brasileiros. E, aparentemente, o bilionário fez tudo pensado para burlar a determinação do ministro do STF, Alexandre de Moraes.

Em seu perfil no Bluesky, o professor da Universidade de Virgínia, David Nemer, explicou que o bloqueio da Cloudflare é mais complexo porque o impacto seria muito grande uma vez que vários sites estão hospedados na nuvem.

“Fica cada vez mais claro que o Elon Musk fez isso de propósito para burlar o bloqueio do X no Brasil. Ao olhar os DNSs do X, em todos os países, é 104.244* que aponta para os servidores do Twitter/X, exceto no Brasil que tem o DNS 172.66* que aponta para o Cloudflare”, escreveu.

O professor deu como exemplo bloqueios de IPs da Cloudflare. Na Itália, com um programa de mitigação da pirataria o governo conseguiu bloquear sites que propagavam pirataria. Ou seja, há um precedente.

Fica cada vez mais claro que o Elon Musk fez isso de propósito para burlar o bloqueio do X no Brasil. Ao olhar os DNSs do X, em todos os países o DNS é 104.244.* que aponta para os servidores do Twitter/X, exceto no Brasil que tem o DNS 172.66.* que apontada para a CloudFlare.

David Nemer (@davidnemer.com) 2024-09-18T19:02:49.323Z

“O STF poderia intimar a Cloudflare para bloquear o acesso ao Twitter/X, porém a empresa não tem representação legal no Brasil – mesmo a Cloudflare prestando serviços no Brasil assim como tendo servidores/datacenters no país”, escreveu em outra postagem Nemer.

Porém, a questão é que o X está usando diferentes redes da nuvem, o que impossibilita o bloqueio, por afetar milhares de empresas brasileiras que usam os serviços da empresa.

Cloudflare e sua megaestrutura

Já em seu perfil no X, Laudelino de Oliveira Lima, especialista em TI, historiador e autor do Livro Submundo Hacker, explicou que, na Cloudflare, o X passa a ser distribuído por 330 cidades que comportam sua megaestrutura.

“O serviço funciona como um proxy reverso que se antecipa até a própria infra para filtrar o tráfego ruim ou mal-intencionado.”

“É como um amplificador de guitarra que recebe um som baixo e com ruídos, para depois ampliá-lo, filtrar os problemas e tocar bem alto nas 330 possíveis caixas de som”, comparou.

“O STF havia determinado a puxada da tomada de uma caixa de som, agora são 330 e aleatórias”, complementou.

“Os recursos novos da CF, naturalmente, não eram compatíveis com o tipo de bloqueio adotado pela Anatel e pelas operadoras brasileiras a mando do STF. Em tecnologia tudo é possível, mas parece que explodiu o pager da Anatel”, concluiu Lima, fazendo referência ao atentado no Líbano mirando o Hezbollah.

 

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