O anúncio do autosserviço de reparo feito na última quarta-feira, 18, pela Apple, revertendo medidas restritivas de consertos de aparelhos, representa uma mudança profunda para a empresa. A companhia de Cupertino há anos luta contra o reparo independente, restringindo acesso a peças, manuais e ferramentas de diagnóstico, projetando produtos difíceis de consertar e fazendo lobby contra leis que preservariam o direito ao conserto – algo bastante presente nos Estados Unidos.
Mas dessa vez a pressão foi forte demais. O anúncio segue depois de meses de intimidação por parte de ativistas de reparos e reguladores – e seu momento parece deliberado, considerando uma resolução de acionistas defensores do meio ambiente que protocolaram junto à empresa em setembro, solicitando que a Apple reavaliasse sua posição sobre reparos independentes. E a última quarta-feira era o prazo-chave na luta pela resolução, com defensores prontos para levar a questão a Securities and Exchange Commission (SEC, na sigla em inglês), o equivalente à Comissão de Valores Mobiliários, para resolver a questão.
De acordo com o site The Verge, a Green Century, a empresa de fundos mútuos, entrou com uma resolução de direito de reparação com a Apple em setembro. Mas com o anúncio de a Apple em criar o autosserviço de reparos, a Green Century comunicou que está retirando sua resolução, que pedia à empresa de Cupertino para “reverter suas práticas antirreparo” e avaliar os benefícios de tornar as peças e ferramentas disponíveis para seus consumidores.
As empresas rotineiramente ignoram as resoluções dos acionistas, e muitos presumiram que a Apple responderia à resolução da Green Century da mesma maneira –, mas ela veio em um momento particular para a causa do direito de autorreparo. Ainda segundo o site The Verge, este ano um recorde de 27 estados apresentaram Projetos de Lei que considerassem o direito de consertar, e o primeiro direito nacional de consertar foi apresentado ao Congresso em junho. Nenhum foi aprovado em lei até o momento, mas é um sinal de que práticas restritivas de reparo podem não ser legais por muito mais tempo.