Fazer compras através de apps ou sites no celular, o chamado m-commerce, virou um hábito natural do brasileiro, independentemente da idade ou da classe social. É difícil encontrar alguém que tenha smartphone e que nunca experimentou comprar uma mercadoria física através do aparelho: 97% dos brasileiros já o fizeram, revela a edição 2024 da pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre pagamentos móveis e comércio móvel no Brasil, cujo relatório está disponível para download gratuito aqui.
Dentre os que já experimentaram o m-commerce, 91% realizaram compras pelo smartphone nos últimos 30 dias, um aumento de 3 pontos percentuais em relação a um ano atrás. A recorrência de uso desse canal está aumentando. Em um ano, passou de 6% para 8% os que compram por apps e sites móveis quase todo dia, e de 15% para 20% os que fazem isso algumas vezes por semana.
Celular X computador X loja física
Livros, cosméticos e acessórios de moda estão entre as categorias de produtos que o brasileiro mais prefere comprar pelo smartphone, em vez de ir a uma loja física ou usar o computador. No caso de roupas e calçados há praticamente um empate técnico entre celular e loja física. Curiosamente, a compra em uma loja física é preferida pelo brasileiro quando se trata de itens recorrentes, como alimentos, produtos de limpeza, itens de higiene pessoal, remédios e ração para pets. Das categorias listadas na pesquisa, em nenhuma delas o computador é o meio preferido para compras, o que reflete a baixa penetração desse equipamento nas residências do país.
Preço é o herói, custo do frete é o vilão
O preço é o melhor atributo na experiência de compra em apps e sites móveis, assim apontado por 35% dos consumidores móveis brasileiros. Isso decorre, provavelmente, das inúmeras promoções e descontos oferecidos em apps de marketplaces. Porém, recortes por classe social e idade revelam fotografias diferentes. Entre pessoas das classes A e B, por exemplo, a característica mais importante na experiência do m-commerce é a conveniência, dizem 29% delas, ante apenas 13% dos brasileiros das classes D e E. A conveniência também é mais apreciada entre as pessoas mais velhas: 19% dos brasileiros com 50 anos ou mais indicam essa característica como a que mais gostam na experiência do m-commerce, ante 12% dos jovens entre 16 e 29 anos. Quanto ao preço, 37% dos entrevistados que pertencem às classes D e E, assim como 37% daqueles da classe C, o indicam como aquilo que mais gostam nas compras em apps e sites móveis, contra 28% dos consumidores das classes A e B.
Por sua vez, o custo do frete é o maior vilão do comércio móvel brasileiro. Ele é apontado por 41% dos consumidores móveis nacionais como aquilo que menos gostam na experiência de compra em apps e sites móveis. É o campeão em todos os recortes sociodemográficos, seja por gênero, faixa etária ou classe social.
Quem mais se incomoda com a demora na entrega do m-commerce são os jovens de 16 a 29 anos: 23% deles reclamam que isso é o que menos gostam quando compram por apps ou sites móveis. O percentual cai para 15% na faixa entre 30 e 49 anos, e diminui para 11% no grupo com 50 anos ou mais.
Os consumidores com maior poder aquisitivo (classes A e B) são os que mais se incomodam com a impossibilidade de tocar ou testar produtos no m-commerce: 33% deles dizem que isso é o que menos gostam na experiência de compra por apps ou sites, atrás apenas do custo do frete (38%). Entre consumidores da classe C, 26% reclamam de não poder testar, e o percentual cai para 18% nas classes D e E.
Apps que lideram no m-commerce
A Shopee e o Mercado Livre continuam sendo os apps favoritos dos brasileiros para compras no smartphone. Ambos cresceram na preferência do consumidor nacional ao longo do último ano: a Shopee passou de 21% para 25%, e o Mercado Livre, de 16% para 19%. Mas o maior crescimento foi da Amazon, que passou de 12% para 17%, e agora está na terceira posição. WhatsApp e Americanas, que figuravam no ranking de 2023, não alcançaram o mínimo de 3% de citações desta vez para serem incluídos.
Mais dados
A pesquisa inclui também dados sobre pagamento por aproximação e por QR code; monitoramento dos segmentos de delivery de comida, transporte em carros particulares, venda de ingressos, e reserva de hospedagem; e contratação de seguros e de empréstimos.
Foram entrevistados 2.259 brasileiros com 16 anos ou mais, que acessam a Internet e possuem smartphone, entre os dias 8 e 27 de novembro. A margem de erro é de 2,1 pontos percentuais.