A inclusão de um número exagerado de funcionalidades é dos erros mais comuns cometidos por empresas no desenvolvimento de seus aplicativos móveis, pois o excesso de opções prejudica a experiência do usuário. O alerta parte de Caroline Capitani, gestora de design digital e inovação da Ilegra, especialista em design de apps e que tem entre seus clientes o Next (banco digital do Bradesco) e a Cielo.
“Defendo que menos é mais. Empresas com portfólio amplo de serviços tentam empurrar tudo para dentro do mobile. É preciso se perguntar se faz sentido, se tem necessidade. Há soluções inchadas e que não cumprem o básico. Design é forma e função. Não adianta ter uma forma bonita se não cumprir uma função. E vice-versa. Vejo muitas empresas pagando o preço por exagerarem na dose, levando tudo para mobile. O app fica complexo e o consumidor se perde lá dentro”, comenta Capitani, em entrevista para Mobile Time.
A executiva recomenda o estudo a fundo das demandas dos consumidores antes de se desenvolver um app, para que a empresa entenda quais funcionalidades devem ser priorizadas. Ela lembra que o gasto com uma pesquisa prévia é muito menor que aquele para consertar o app caso se trilhe um caminho equivocado durante o desenvolvimento por não ter escutado devidamente o usuário. “O desafio é olhar para a necessidade do cliente, olhar a persona para qual se está desenvolvendo e entender as dores dela, projetando a melhor experiência possível”, resume.
Outro equívoco que acontece com frequência é quando algum líder dentro da empresa decide, de forma autoritária, pela inclusão de alguma feature, sem embasamento em qualquer pesquisa junto aos próprios clientes. É o chamado “top down”, diz Capitani.
A executiva destaca ainda mais um erro comum: postergar a adição de uma funcionalidade inovadora até o momento em que um concorrente a lança. “Vejo muitas soluções móveis que deixaram de ter uma melhoria para o usuário porque até então não tinha concorrência. Quando passa a ter, vira prioridade. E aí se fazem cópias e a empresa perde o diferencial. As marcas deveriam querer sempre estar um passo à frente, em um constante estágio de inconformismo”, recomenda.
Entre as tendências que Capitani destaca para o design de apps móveis no momento estão o uso de comandos de voz e a adoção de pagamentos “invisíveis”, ou seja, sem atrito – como acontece no pagamento de uma corrida do Uber, por exemplo.