O Venturus é um dos centros de inovação tecnológica do Brasil que mais atua na área de Internet das Coisas (IoT), tendo feito projetos internacionais para empresas como Sony e Gemalto, além da Universidade de Stanford. Um dos seus principais focos este ano são projetos sobre a casa do futuro. Marcelo Abreu, diretor de novos negócios do Venturus, conversou com MOBILE TIME sobre as últimas novidades tecnológicas nessa área e previu: os móveis e eletrodomésticos das residências daqui a 10 anos vão conversar entre si, como uma rede social de IoT. E as casas terão autonomia para pagar faxineiras e outros empregados domésticos, depois de verificar se o trabalho foi de fato realizado.

MOBILE TIME – Um ano atrás o Venturus estava trabalhando em 15 projetos envolvendo wearable devices. A demanda aumentou de lá para cá?

Marcelo Abreu – Aumentou a procura, mas diminuiu a quantidade de projetos, muito possivelmente por conta da crise. Diminuiu o dinheiro disponível nos orçamentos. Temos hoje no Venturus cinco projetos próprios do nosso grupo de inovação de Internet das Coisas (IoT) e outros cinco de terceiros.

Sobre o que são esses projetos internos?

IoT é um grande gerador de big data. Estamos tentando conectar e dar mais inteligência aos dispositivos. Não queremos ficar apenas no big data.

Como assim?

Daqui a algum tempo você vai ter mais de 100 dispositivos conectados dentro da sua casa, desde o aspirador até o sofá, passando por todos os eletrodomésticos. E teremos coisas divertidas, como o sofá reclamando que o aspirador está batendo no pé dele. A casa começará a interagir com seu dono. Talvez ela sugira mudar o sofá de lugar para o aspirador trabalhar melhor. Ou a luminária vai informar que não consegue iluminar direito o chão e vai sugerir a troca da cor do piso para economizar energia. Ou seja: os dispositivos não estarão apenas conectados, estarão pensando.

Sabe uma coisa que me irrita na administração da minha casa? É que toda quinta-feira tenho que tirar dinheiro para pagar a faxineira. Por que a minha casa não se encarrega disso sozinha? No futuro, a casa poderá checar se está limpa e pagar através de uma pulseira usada pela faxineira.

Vamos organizar em breve no Venturus uma exposição da Casa do Futuro, apresentando diversos projetos com tecnologia que estará nas residências das pessoas daqui a 10 ou 20 anos.


O smartphone vai perder importância?

Não vejo o smartphone morrendo, mas cada vez mais dispositivos nascendo e interagindo com o smartphone. Teremos posicionamento indoor dentro da casa e o smartphone trabalhando como um hub.

A crise econômica vivida pelo Brasil e a alta do dólar vão atrasar a popularização dos wearables por aqui? Os produtos estão muito caros…

Sim. Mas ainda falta hardware nos wearables. Se conseguirem colocar mais segurança nas pulseiras para que possamos usá-las não apenas para monitoramento de saúde mas também como crachá e como carteira, vamos dar um passo importante nessa popularização. Os wearables precisam facilitar a vida, o nosso dia a dia.

A duração de bateria dos wearables ainda é um problema?

Ainda se faz muita pesquisa em software e em hardware para diminuir o consumo. Há pesquisas para usar o movimento das pessoas para gerar energia e também aproveitamento da luz solar. Embora esteja caminhando devagar, todo ano melhora um pouco. A pulseira que tenho precisa ser carregada de três em três dias. E me manda email quando preciso carregar. É um conceito de IoT, das coisas interagindo com as pessoas.

A falta de segurança será um obstáculo para IoT?

A segurança será a antítese da inovação. Se a inovação te traz dinheiro, a segurança vai te tirar dinheiro. Mas se você não se preocupar com segurança, vai à falência. Não dá para trabalhar com IoT se não olhar para segurança. Em nossos projetos promoveremos hackathons: quem conseguir invadir ganhará um prêmio.

 

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