A TIM anunciou nesta terça-feira, 19, parceria com o espaço de inovação e startups Cubo Coworking Itaú, em São Paulo. Além de fornecer a conectividade no prédio, a operadora atuará como uma espécie de tutora em "determinados projetos" e aproveitará a capacidade para incorporar soluções tanto de forma interna como para clientes, inclusive corporativos, de forma aberta e sem se valer do esquema de whitelabels. A companhia se reúne nesta tarde com dez empresas – selecionadas dentre as 55 que participam do projeto do Cubo – para ouvir propostas.

A parceria faz parte do projeto de transformação digital da tele iniciada no começo do ano com reposicionamento estratégico e de marca. Segundo o CSO da TIM, Luis Minoru, a ideia é não olhar as diferenças com as companhias digitais como as over-the-tops e outras startups de tecnologia, mas enxergar oportunidades para trabalhar em conjunto. Para tanto, a operadora oferece a ampla cobertura 4G no País, o potencial de big data, a base de 65 milhões de clientes e o desempenho da divisão de "Serviços Inovativos", que gera receita anual de mais de R$ 1,5 bilhão e tem taxa de crescimento médio anual de 39% entre 2012 e 2015.

"A gente processa 6 bilhões de CDRs (Call Detail Records) por dia, o que significa que, a cada vez que se conecta e se move na rede, o usuário gera um bilhete que é armezando pela operadora", detalha, comparando com a quantidade de 500 milhões de mensagens que o Twitter trafega por dia. A ideia é oferecer não apenas o acesso – de forma anônima – ao banco de dados, mas também a possibilidade de oferecer o sistema de billing da tele. "Temos a possibilidade de trazer toda a infraestrutura, que é o que essas empresas precisam. Somos uma empresa grande, então encontrar empresas que nos torne mais ágeis, como as residentes do Cubo, para gente é um super ganho."

Minoru explica que a ideia não é entrar no modelo de corporate venture como a própria controladora, a Telecom Italia, possui, com o TIMVentures e o TIM#WCap Accelerator. "Eu acho que não é necessário neste momento (usar o mesmo modelo), pois hoje, a principal moeda de troca que a gente tem não é de falta de dinheiro disponível para essas empresas novas, o que temos vale mais do que dinheiro", justifica, citando a base móvel e o big data da operadora. Em contrapartida, a tele busca a inovação e a possibilidade de novos retornos de investimento. "Vamos olhar o que fortalece a TIM, o que tiver mais a ver com nossos ativos, que for promover mais dados em mobilidade; se minha rede de 4G for diferencial, provavelmente vou olhar com mais intensidade."

Vale lembrar que a operadora conta com o Instituto TIM, que também incentiva o desenvolvimento de startups com o Academic Working Capital (AWC), destinado a estudantes de exatas que queiram transformar o trabalho de conclusão de curso em negócios de inovação.

Cobrança na conta

O CMO da TIM, Rogério Takayanagi, explica que muitas empresas, como o Google, batem à porta da operadora porque querem explorar a possibilidade do billing. "Com isso, você aumenta de forma brutal a escala de dinheiro e cria círculo virtuoso de crescimento. Mesmo com toda a escala do Google, não se consegue construir esse ecossistema. Nossa grande moeda não é o dinheiro", afirma. Ele cita ainda outro dado: o site da companhia conta com 3 milhões de visualizações por mês, enquanto o portal de recarga de créditos chega à mesma quantidade, mas por dia.

Takayanagi entende ainda que a empresa aprendeu com erros do passado: ela "deu uma esnobada" cinco anos atrás no criador do Waze, Uri Levine. Hoje, o app tem 10 milhões de usuários no Brasil e foi vendido ao Google por US$ 1 bilhão em 2013. Porém, em outro momento, Levine ofereceu parceria à TIM para outro aplicativo, o Moovit. Desta vez, a operadora aceitou e ajudou a alavancar a plataforma com três meses de zero-rating e com o app pré-instalado em smartphones. "Hoje o Moovit tem no Brasil 13 milhões de usuários, mais do que o Waze, e com 25 mil downloads por dia", declara.

O diretor do Cubo, Flávio Pripas, diz que o espaço conta com outros patrocinadores, como Cisco e Microsoft, além "mais uma que vai ser anunciada em algumas semanas". E explica o que os patrocinadores ganham com esse investimento. "Ganham radar de mercado, elas já vêm o que está acontecendo", argumenta. O diretor de "serviços inovativos" da TIM, Flávio Lang, completa: "O modelo de cherry picking, de pegar o serviço específico, não é o que acreditamos que tem muito futuro; a forma que estamos construindo na visão é um modelo de market place", diz. Ele não revela valores de investimento, mas ressalta que fechou contrato para o HUB tecnológico fazendo integração de engenharia.

 

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