Os produtos de consumo de telecom são responsáveis hoje por 39,4% do faturamento com bens duráveis no Brasil – que faturaram R$ 35 bilhões nos primeiros cinco meses do ano. Há um ano, a participação da categoria era de 35,6% de um faturamento total de R$ 38 bilhões. De acordo com Oliver Römerscheidt, diretor da GfK no Brasil, a queda de faturamento com a categoria, formada essencialmente por smartphones, foi de 1% no período de janeiro a maio deste ano, em relação ao mesmo período de 2015. Em unidades vendidas, no entanto, a queda foi de 28%, o que foi compensado pelo aumento de preço médio em 40%. Os dados foram apresentados durante o Eletrolar Show, evento que acontece esta semana em São Paulo.
De acordo com o executivo, a queda em faturamento menor que a queda em unidades vendidas se vê em todas as categorias de bens duráveis, sempre por conta do aumento de preço, incentivado também pelo câmbio. A categoria de telecom, no entanto, ainda é um ponto fora curva, já que, no geral, a queda em faturamento foi de 9%, com aumento de preço de 20% e queda nas vendas de 24%. “O consumidor foi mais cauteloso em 2016 e comprou menos, mas os preços aumentaram, o que levou a uma queda de faturamento mais amena”, diz o executivo.
Avanço tecnológico
Segundo Römerscheidt, o consumidor continua demandando tecnologias mais avançadas, sobretudo no mercado de smartphones. “O consumidor quer 4G, telas maiores etc. E ele entende que, com o câmbio, isso ficou mais caro e está disposto a pagar um pouco mais”, completa.
De acordo com a GfK, o preço médio dos smartphones subiu de R$ 603 nos primeiros cinco meses de 2015, para R$ 891 no mesmo período de 2016. O avanço tecnológico, no entanto, é alto. No período pesquisado de 2016 (sempre de janeiro a maio), 54,7% dos equipamentos vendidos são 4G, contra 13,5% no mesmo período de 2015. Nas câmeras embarcadas nos telefones, hoje 33,5% são com resoluções que variam de 13 a 15 megapixels. Em 2015, 38% eram câmeras de 10 megapixels.
Concentração
De modo geral, as grandes marcas foram bem menos afetadas pela crise. No mercado de TVs, por exemplo, 88% das vendas em 2016 foram de produtos das cinco principais marcas, contra 80% no mesmo período de 2015. Essa flutuação positiva para as maiores marcas também é notada em cafeteiras (de 67% para 70%) e linha branca (70% para 73%). Na contramão fica apenas o mercado de smartphones, que apresentou leve queda na concentração. As cinco principais marcas foram responsáveis por 85% das vendas de janeiro a maio de 2015, e 84% no mesmo período deste ano.
“O smartphone é a ‘galinha dos ovos de ouro’ entre os bens duráveis. Por isso, muitas marcas de eletroportáteis estão entrando nesse mercado. Também tem a chegada de mais produtos chineses”, explica o diretor da GfK.
Perspectivas
Segundo Römerscheidt, a retomada do crescimento nas vendas gerais deve acontecer apenas em 2018. No entanto, alerta o executivo, a queda nesse mercado é global e não tem a crise como único motor. Segundo ele, falta uma nova tenologia que ajude a impulsionar as vendas, como aconteceu no passado com câmeras fotográficas digitais, depois com os smartphones, tablets etc.
Na segunda metade de 2017, a expectativa é que o mercado comece a sair da crise, sem redução nas vendas. “No Brasil, devemos chegar em 2017 a uma patamar semelhante ao de 2012”, diz.
A previsão é que a queda geral no faturamento com bens duráveis em 2016 seja de R$ 3 bilhões, chegando a R$ 75,7 bilhões e descendo para R$ 73 bilhões em 2017. Em 2014, que foi um ano positivo, sem crise e com a Copa do Mundo fomentando o mercado de televisores, o faturamento foi de R$ 96,2 bilhões.
Mais especificamente no mercado de smartphones, as vendas começaram a apresentar retração no crescimento em janeiro de 2014. Mesmo assim, continuaram crescendo até abril de 2015. Após esse período, as vendas sempre caíram, mas com um ponto de virada em fevereiro de 2016, quando a queda começou a desacelerar de forma constante até maio deste ano.