Campanha eleitoral chega às lojas de aplicativos

A campanha eleitoral de 2014 estará presente nos smartphones dos brasileiros de diversas formas. Uma delas será por meio de aplicativos criados pelos próprios candidatos e disponibilizados para download gratuito em lojas virtuais como Google Play e App Store. Levantamento feito por MOBILE TIME nessas duas lojas revelou a existência de pelo menos 75 apps de candidatos de 17 partidos diferentes que concorrem nas eleições deste ano para presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual. Ainda é pouco se considerado o universo total de 24 mil candidatos nas eleições deste ano, porém, é mais do que havia na campanha municipal de 2012. A maioria dos apps são de candidatos a deputado federal (35) e o partido com maior quantidade é o PT (17), seguido por PSB (9) e PMDB (7) – veja tabelas ao fim desta matéria.

A utilização dos apps ainda é muito baixa. Poucos superaram a marca de 100 downloads. Há muitos com menos de dez downloads. Nos testes realizados por este noticiário foram encontrados também vários bugs e apps que parecem incompletos. Cabe lembrar que a campanha está apenas começando e até o dia da votação outros aplicativos vão surgir, assim como os defeitos atuais podem ser corrigidos.

Chama a atenção a ausência dos presidenciáveis nas lojas de aplicativos. A única coligação presente com um app até o momento é aquela liderada pelo PSB. O partido optou por um aplicativo para obter exposição viral nas redes sociais. Batizado de "Clique40", ele permite que o eleitor tire uma foto e sobreponha a ela um adesivo com uma mensagem da coligação, compartilhando-a em seguida nas redes sociais (Instagram, Facebook, Twitter ou WhatsApp). No mesmo app são oferecidos vários panfletos digitais diferentes para publicação na Internet. É um dos títulos mais populares entre os 75 feitos por políticos para as eleições deste ano, com mais de 1 mil downloads. Mas a morte de Eduardo Campos vai requerer uma atualização. A maioria das mensagens leva o nome do candidato falecido. Além disso, o nome da provável substituta na cabeça de chapa, Marina Silva, até esta terça-feira, 19, não constava entre as palavras-chave de busca nas lojas de aplicativos. Ou seja, se alguém procurar pelo nome dela não encontra o "Clique40".

Governadores

Entre os governadores, 18 candidatos criaram apps. O destaque é o PT, com seis postulantes ao cargo presentes nas lojas de aplicativos: Agnelo Queiroz (DF), Antônio Gomide (GO), Camilo (CE), Fernando Pimentel (MG), Lindberg Farias (RJ) e Tarso Genro (RS). O PMDB vem em segundo lugar, com três candidatos a governador com apps: Lobão Filho (MA), Sartori (RS) e Skaf (SP). PSB, PSDB e PSC têm dois cada um, enquanto PR, PRP e PP têm um app cada (veja a lista completa ao fim desta matéria).

A maioria dos apps trazem a biografia dos candidatos, sua agenda atualizada, propostas de campanha, fotos, vídeos e links para redes sociais. Os aplicativos de Skaf (PMDB-SP) e Paulo Câmara (PSB-PE), especificamente, focam no compartilhamento de fotos com adesivos de campanha sobrepostos, similares ao Clique40.

O Rio de Janeiro é o estado com mais apps de candidatos a governador, três até agora:  Anthony Garotinho (PR), Lindberg Farias (PT) e Marcelo Crivella (PRP). Os aplicativos de Garotinho e de Lindberg trazem as informações básicas dos candidatos e de suas campanhas. O de Crivella se destaca por ser o único dentre os testados por este noticiário a apresentar propostas segmentadas por região do estado.

Em Minas, chama a atenção o fato de os candidatos a governador do PT e do PSDB, Fernando Pimental e Pimenta da Veiga, respectivamente, terem optado por apps cujos títulos não destacam seus nomes. Em vez disso, foram batizados como "#Melhorpravc" e "Ouvir você". O foco de ambos está em coletar sugestões dos eleitores. No app de Pimentel, é possível gravar mensagens de áudio para o candidato.

Um caso curioso é a presença do aplicativo de um candidato barrado pela Lei da Ficha Limpa. Trata-se de Neudo Campos, que pretende concorrer ao governo de Roraima, mas na semana passada teve a sua candidatura proibida pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) daquele estado. O político ainda pode recorrer ao TSE.

Senadores e deputados

A maioria dos apps foram feitos por candidatos a deputado federal: 35. Novamente, o partido com maior quantidade é o PT (9), seguido por PP (5), PROS (4) e PMDB (3) – veja a lista completa abaixo. Entre os candidatos ao Congresso que decidiram criar apps há pelo menos uma celebridade, o lutador Popó, que concorre à reeleição pelo PRB na Bahia. E há também figuras exóticas, como Tonho dos Couros, candidato pelo PRP no Espírito Santo.

Para as assembleias estaduais foram encontrados apps de 17 candidatos. É uma quantidade pequena, levando em conta que há 17,2 mil postulantes ao cargo este ano. O destaque fica com o Distrito Federal, com oito aplicativos de candidatos a deputado distrital, a maioria do PTB (5).

Entre os candidatos ao Senado, foram encontrados aplicativos de apenas quatro candidatos: Delcídio do Amaral (PT-MS), Geraldo Magela (PT-DF), Gim Argelo (PTB-DF) e Romário (PSB-RJ).

Análise

Em alguns casos, o propósito do app parece ser coletar informações sobre os eleitores para montar um banco de dados. Neles, é exigido o cadastramento prévio na abertura do app. Um exemplo é o aplicativo de Marcelo Crivella, candidato ao governo do Rio de Janeiro pelo PRP, que pede nome, cidade, bairro e email. Por sua vez, os apps de Lobão Filho, candidato a governador do Maranhão pelo PMDB, e de Romário, candidato ao Senado pelo PSB no Rio de Janeiro, pedem para que os usuários façam login pelo Facebook.

Os políticos precisam definir melhor qual é o objetivo de se ter um aplicativo móvel. É para conquistar eleitores ou para fornecer informações à militância? O segundo objetivo parece mais plausível, afinal, dificilmente alguém instalará no seu smartphone o aplicativo de um candidato no qual ainda não tem certeza se votará. Mas a maioria dos apps fica em cima do muro, sem se posicionar direito nem como uma coisa nem outra. Um caminho pode ser o incentivo ao compartilhamento de imagens com slogans nas redes socais, como fizeram o PSB, com o Clique40 e com o app do Paulo Câmara (PE), e o PMDB, com Skaf (SP). Um dos poucos a indicar os endereços e telefones de todos os comitês de campanha é o de José Ivo Sartori, candidato ao governo do Rio Grande do Sul.

Apps de candidatos por cargo:

Presidente – 1 
Governador – 18
Senador – 4
Deputado federal – 35
Deputado estadual e distrital – 17

Apps de candidatos por partido:

PT: 17
PSB: 9
PMDB: 7
PTB: 7
PP: 6
PSDB: 5
PROS: 5
PDT: 3
PSC: 3
PSD: 3
PRP: 2
PRB: 2
SDD: 2
PCdoB: 1
PRTB: 1
PR: 1
PV: 1

Tabela completa:

* O candidato Neudo Campos foi proibido de concorrer pelo TRE de Roraima por causa da lei da Ficha Limpa, mas ainda pode recorrer ao TSE.