Em parceria com o CPqD, a TIM concluiu com sucesso provas de produtos minimamente viáveis (MVPs) para soluções de Internet das Coisas, em especial com foco no aumento da produtividade. A operadora informou nesta quarta-feira,19, que a iniciativa contou com startups e empresas privadas para testar soluções de segurança, monitoramento de cargas e processo de produção fabril, além do uso da conectividade em NB-IoT, tecnologia que a operadora começou a testar ainda em junho deste ano, com a faixa de 700 MHz. Segundo o head de innovation & business development da companhia, Janílson Bezerra, a experiência desses MVPs ainda não se converteram em soluções comerciais, o que deve ficar apenas para o ano que vem, mas a infraestrutura e a tecnologia para que isso aconteça já está acertada. Independentemente da falta de definição do governo em relação à tributação para IoT.

“Estamos em um momento de aprendizado, com uma nova abordagem de não ser um negócio só de prateleira, com conectividade. Isso é M2M, é antigo”, declara. “Para que a IoT de fato aconteça com soluções de NB-IoT e mais voltadas a resolver as dores do cliente, precisa ter um ecossistema, e nossos parceiros precisam ver o valor e repensar a relação de negócios”, explica. Por conta disso, Bezerra entende que a questão da tributação não deve ser o foco, embora uma resolução nessa questão pudesse ajudar. “Claro que se o Brasil já tivesse resolvido isso, seria um processo muito mais célere, e as empresas já estariam procurando soluções IoT. Mas existe espaço sim, se os empresários começarem a ver como a Internet das Coisas alavanca a produtividade.”

Para o próximo ano, Bezerra acredita que será um bom momento para a IoT no Brasil, sobretudo com espaços de inovação como a parceria com o Cubo, em São Paulo. “Você começa a ter insights para a proposição da TIM como hub de negócios e tecnologia, como alicerce que a nossa infraestrutura tecnológica com a rede 4G, NB-IoT e futura 5G”, diz. “Com certeza, em 2019 essas provas de conceito vão começar a virar produtos e soluções de mercado. Seguindo o ritmo das verticais, nem todas estarão maduras, mas 2019 será o ano no qual vai acontecer mais atração. Se tivermos um quadro regulatório mais flexível e modelo tributário mais acessível, isso será fundamental para o País, não só para a indústria de telecomunicações”, completa.

Tecnologia

O executivo da TIM entende que as tecnologias utilizadas serão CatM e NB-IoT, a depender das necessidades das soluções, e que a disputa com serviços baseados em espectro não licenciado será norteada pelas demandas dos próprios clientes. “É de fato um desafio para o cliente quando toma a decisão, porque não existe isonomia: uma é tributada, outra nem tanto”, compara. “Mas o cliente ou parceiro precisa ponderar até que ponto ele consegue ter cobertura no processo produtivo e com a certeza de que há a entrega. O espectro licenciado garante a logística com resposta just in time”, completa. Bezerra lembra ainda que há questões de interferências com espectro não licenciado que podem comprometer o serviço e a produtividade.

Ele cita a cobertura da faixa de 700 MHz da operadora, que garante uma área de cobertura maior e já mais difundida no Brasil, presente em 1.280 cidades. Por outro lado, não é o caso ainda para utilizar a frequência de 450 MHz. “Acho que ela tem seu papel, mas não é o objeto agora. Nossa principal crença é na questão da escalabilidade”, afirma, ressaltando ainda que a composição do espectro e o arranjo geográfico do País resultam em uma atuação mais limitada para a faixa.

A parceria com o CPqD também traz a plataforma de código aberto dojot, junto com a Padtec para o processo fabril, além de usar solução de rede LTE da Nokia. Na conectividade NB-IoT, a TIM também se valeu do CPqD, que desenvolveu módulo para testes de validação em um projeto-piloto de smart metering em parceria com o Grupo Energisa em Cataguases (MG).

Aplicações

“O que a gente tentou com os MVPs foi mostrar o valor. Entramos em contato com o parceiro, entendia as dores dele, mostrava as soluções tecnológicas que existiam, ponderávamos os prós e contras e fazíamos a avaliação”, conta Janílson Bezerra. Assim, a TIM procurou trabalhar com o conceito de design thinking baseado no processo produtivo das empresas, embora alguns setores não fossem tão acostumados a essa abordagem.

Bezerra considera que cada vertical tem um ritmo próprio. Assim, o agronegócio é o que tem demonstrado maior abertura para receber novas tecnologias para melhorar a produtividade, na visão da operadora. Segundo ele, a receptividade para novas soluções e modelos de adoção são “características forte de um setor que usa muita tecnologia, mas que é muito proprietária”. A diferença agora é a possibilidade de atender a necessidades específicas com soluções mais escalonáveis. A TIM trabalhou com a startup Box Delivery e a cooperativa de produtos cítricos Monte Citrus, de Monte Azul Paulista (SP), na parte da logística envolvendo monitoramento e transporte de cargas. O projeto, realizado entre outubro e novembro, acompanhou a rotina de entrega das cargas, saindo de uma fazenda na cidade paulista de Santa Rita do Passa Quatro, que distribuía a mercadoria para produção de suco de laranja no município de Araraquara.

A indústria, por outro lado, assume uma posição em momento de transição. Na visão do executivo, as empresas estão voltadas a criar um “passo a passo” para o caminho da 5G, porém utilizando o LTE para testar conceitos e mostrar os ganhos de eficiência. A ideia é preparar as soluções para quando a quinta geração chegar, atendendo a demandas específicas como robótica e automação.

Em segurança, a TIM trabalhou próxima à startup Nearbee e a associação de moradores Pór-Bairro de Campinas para solução de interação entre sensores IoT e smartphones, permitindo o envio de alertas para equipes de segurança privada em condomínio e controle em tempo real dos profissionais e dos alertas ao condôminos.

A TIM continua com outras iniciativas com a tecnologia, como foco nas verticais previstas no Plano Nacional de IoT. No caso de smart cities, a operadora tem o trabalho com a Inatel usando NB-IoT e espera resposta do BNDES para participação no Plano Piloto IoT. Da mesma forma, há interesse em soluções de saúde conectada, embora o Janílson Bezerra lembre que há uma participação maior do governo nessa vertical, o que dita um ritmo diferente para as negociações. Há também o caminho de parcerias, como com a Rio Open Door, iniciativa voltada a fomentar o ecossistema de startups na área de saúde nos moldes das fintechs.

 

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