Após quase cinco meses de negociações iniciadas com a assinatura do memorando de entendimento (MoU) em julho, a Telefônica/Vivo e a TIM firmaram o acordo de compartilhamento de infraestrutura de rede 2G, 3G e 4G. Segundo as empresas comunicaram ao mercado nesta quinta-feira, 19, são dois contratos de cessão onerosa: um especificamente para uma rede única na tecnologia 2G, e outro no modelo single grid para 3G e 4G.

O contrato da rede única de segunda geração será implementado em áreas onde ambas as teles já atuam, de maneira que a operadora remanescente fornecerá os serviços na tecnologia para a base das duas empresas. A iniciativa abrange todo o território nacional, envolve 2.700 cidades e resultará na desativação de sites sobrepostos (ou seja, em duplicidade) para reduzir custos e otimizar uso de espectro.

Já o contrato de single grid 3G/4G servirá para cidades com menos de 30 mil habitantes, também criando uma rede única, mas em locais onde uma ou ambas as teles estejam presentes. No primeiro caso, a expansão da cobertura permitirá que uma das companhias comece a atuar onde ainda não tinha infraestrutura: cada uma das operadoras cederá acesso à sua rede em mais de 400 municípios, fazendo com o que o total englobado seja de mais de 800 cidades.

Na consolidação de rede, o arranjo será diferente, com uma solução técnica e operacional específica. O escopo inicial será de 50 cidades, cada uma ficando com a metade (25 localidades). O projeto inicial está “programado para ser finalizado e ter um balanço em 180 dias após seu início”. Neste momento é que será decidida a extensão do perímetro total. As empresas afirmam que o potencial é de chegar a mais de 1.600 cidades.

A ideia é que a abordagem single grid permita aumento da capacidade da rede e eficiência espectral por meio do compartilhamento de frequências na modalidade multi-operator core networks RAN sharing (MOCN). Dessa forma, reduz custo e otimiza investimentos. “A implantação será feita de maneira gradativa, na medida em que forem atestadas a qualidade e funcionamento das iniciativas”, declaram as teles.

No comunicado conjunto, Vivo e TIM “reiteram que preservarão sua autonomia comercial e de gestão de clientes, independentemente de qualquer acordo de compartilhamento de infraestrutura”. As empresas avaliam que os contratos serão o “início de um processo de revolução do mercado brasileiro de telecomunicações, no que tange ao compartilhamento de infraestrutura”, e que os clientes se beneficiarão diretamente do projeto com a melhoria da experiência do uso e incremento da capacidade de tráfego para ambas as bases, além da ampliação da oferta onde uma das teles ainda não atuava. “Há oportunidades de eficiência operacional e financeira para as companhias, gerando uma otimização dos seus ativos e recursos”, afirmam.

Os contratos deverão ser analisados pela Anatel e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Inicialmente, o MoU previa um compartilhamento de single grid em 2G e de espectro em 4G na faixa de 700 MHz. Enquanto a Telefônica se manteve aberta a parceria com outras empresas, o diálogo com a TIM evoluiu com o intuito de liberar mais espectro para o 4G, além de otimizar investimentos para as empresas se prepararem para o leilão de 5G. Vale lembrar que outras iniciativas de compartilhamento de rede já existiam no mercado para o 4G em 2,5 GHz, além de um tripartite que incluía, além da Vivo e da TIM, a Oi.

 

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