O desperdício de alimentos, bebidas e remédios é um problema sério no Brasil. Quando se aproximam da data de validade, muitos produtos não conseguem mais ser vendidos e acabam jogados fora. Isso acontece tanto no varejo quanto nos centros de distribuição. Além do mal-estar social de descartar produtos ainda em boas condições de consumo em um país com tanta miséria, o desperdício gera um custo com o armazenamento e o transporte para o descarte. Na tentativa de diminuir esse problema foi criado em 2018 o aplicativo SuperOpa (Android, iOS), que ajuda distribuidores a venderem produtos próximos ao prazo de vencimento.
Luis Borba, sócio-fundador e CEO da SuperOpa, relembra uma cena que chamou sua atenção quando estava pesquisando para a criação da startup: “Visitei uma distribuidora que tinha um corredor de ‘quarentena’ onde ficavam os produtos a 30 ou 60 dias do prazo de validade. São produtos que o varejo não quer mais receber. Eles ficavam lá esperando o vencimento para serem levados de caminhão para o descarte”. A cena, comum em centros de distribuição de alimentos, confirmou para o empreendedor que havia um problema a ser resolvido pela sua startup.
O SuperOpa funciona como um marketplace. Ele tem acordo hoje com seis distribuidores para a venda de alimentos, bebidas, remédios e produtos para animais de estimação. O app se conecta ao ERP desses distribuidores para visualizar seus estoques e monitorar os prazos de validade. Quando resta a um alimento ou bebida 30% da sua vida útil, este passa a ser vendido como um produto próximo do vencimento. No caso dos remédios, isso acontece após passar de 50% da sua vida útil. Para que essa informação fique clara para o consumidor, um selo “Opa” é colado nesses produtos.
Dentro do app, os produtos próximos ao vencimento são agrupados em uma mesma categoria, chamada de “selo opa”. Todos recebem um desconto que é proporcional ao tempo restante da validade. Alguns chegam a ser 70% mais baratos que o preço do varejo. Junto a cada produto, o app destaca quanto tempo resta de vida útil e o percentual do desconto (veja imagem ao lado).
Como são produtos vindos direto dos distribuidores, é comum que as ofertas sejam em quantidades um pouco maiores que o normal. São os próprios distribuidores que fazem a entrega para o consumidor final. Por conta disso, é exigido um tíquete mínimo de R$ 150 para alimentos e R$ 100 para saúde e bem-estar. Para facilitar que o consumidor atinja esses valores, são disponibilizados também produtos que não estão perto do vencimento, mas sempre com um preço um pouco menor que aquele do varejo.
“Trabalhamos para o nosso preço ser mais competitivo que o varejo por se tratar de uma compra direta com o distribuidor. No caso de carne e queijo, o nosso preço é extremamente abaixo daquele do varejo. Uma vez fizemos uma promoção de uma picanha uruguaia que chegou na distribuidora com prazo curto: demos vazão a 250kg em dois dias por R$ 20/Kg”, lembra Borba.
O SuperOpa cobra uma comissão de 30% sobre o valor dos produtos perto do vencimento e 15% sobre os demais. Os repasses para os distribuidores são feitos quinzenalmente aos distribuidores.
Operação
Com os acordos que tem no momento, o SuperOpa atende a mais de 500 cidades, 95% delas no estado de São Paulo e algumas no sul fluminense e em Minas Gerais.
Até agora foram feitos 20 mil downloads do app. Cerca de um terço dessa base realizou alguma transação. Ao longo de 2020, a startup vendeu 18 mil Kg de produtos. O total transacionado (GMV) pela plataforma no ano passado foi de R$ 4,5 milhões. Em 12 meses, houve um crescimento de 28 vezes, passando de R$ 26 mil em janeiro para R$ 720 mil em dezembro. A meta é, dentro de um ano e meio, estar transacionando R$ 3 milhões por mês, diz Borba.
Para expandir, a startup está levantando capital em uma plataforma de crowdfunding. Entre seus planos está levar o serviço em breve para todo o estado do Rio de Janeiro; abrir um pequeno centro de distribuição próprio em São Paulo; e integrar a carteira digital própria, chamada OpaPay, dentro do aplicativo.