Um drone decola, seguindo uma rota pré-planejada, e solta no ambiente insetos benéficos para o controle biológico de pragas – os machos estéreis de Aedes aegypti (que não picam). Esses mosquitos procuram as fêmeas (que picam) e copulam com elas. As fêmeas, por sua vez, colocam ovos inférteis e não geram descendentes. É assim o sistema desenvolvido pela BirdView que, em parceria com a Embrapa Instrumentação e apoio da Fapesp, busca erradicar a proliferação de mosquitos transmissores de vírus causadores de doenças, como o da dengue.

Dessa maneira, Ricardo Machado, cofundador da startup, localizada no interior de São Paulo, em São Manuel, explica que com um projeto modular (semelhante em conceito a uma impressora jato de tinta) o sistema é composto em duas etapas: o implemento que vai acoplado no drone, e o cartucho que é inserido no implemento e é acionado. “Os cartuchos são preenchidos com os machos estéreis de aedes aegypti nas biofábricas e transportados até o local de soltura. Os cartuchos são, então, inseridos no implemento acoplado ao drone”, detalha, em conversa com Mobile Time.

A solução, que tem como objetivo atrair empresas produtoras de Aedes aegypti estéreis no Brasil para ajudar na erradicação de doenças como dengue, febre amarela, chikungunya e zika, tem uma operação considerada simples e que busca “pequenos municípios e agricultores familiares como usuários dessa estratégia de manejo de pragas”. A proposta de negócios da Birdview é seguir um modelo descentralizado e, por isso, a sua atuação é feita de forma local, gerando oportunidades de renda.

Drones

Os drones têm aplicativos próprios dependendo do fabricante. Atualmente, os principais drones utilizados são da marca DJI, com destaque especial para os modelos Mavic, que Machado considera altamente capazes e ideais para a liberação dos insetos. “Existem diversos outros drones, a maioria deles usando o sistema de controle de voos Ardupilot”, aponta. Ele destaca também os modelos Holybro, Xmobots e ADTech.

O equipamento da empresa é agnóstico aos drones, podendo ser utilizados com qualquer um com capacidade de carga acima de 300 gramas. Além disso, o cofundador conta que eles seguem, de forma automática, rotas de cobertura total pré-planejadas sobre a área alvo com um software desenvolvido pela Birdview em colaboração com a Embrapa Instrumentação, IFSul e IFFarr.

Aplicativo móvel

Desenvolvido entre as empresas parceiras, o projeto tem um aplicativo chamado ORBIO que faz parte de uma plataforma de gestão e planejamento de rotas para drones otimizada para operações aéreas de liberação de agentes biológicos. Com ele, o objetivo é traçar rotas para o drone de maneira que ele consiga liberar os insetos em toda a área de interesse de forma otimizada, buscando evitar passar duas vezes sobre o mesmo local.

Ainda em fase de testes, o app entrará em uma “plataforma web que conversa diretamente com os diferentes softwares de controle de solo (ground station) dos diferentes fabricantes de drones”, especifica Machado.

Inteligência artificial

A startup está desenvolvendo também um sistema de leitura das imagens da câmera do drone em tempo real com inteligência artificial (IA), detectando focos de criação dos mosquitos (como pneus e caixas d’água abertas) e aumentando automaticamente a quantidade de mosquitos estéreis soltos naquelas localidades.

Em processo de experimentação, a empresa busca parcerias com criadores de insetos estéreis, que possam arcar com os custos do serviço. Já os valores e o tempo necessário para a intervenção surtir efeito estão sendo avaliados.

 

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