Com 27 milhões de usuários únicos mensais de planos de dados no quarto trimestre do ano passado, a TIM acredita ser a empresa com a maior base de Internet móvel do País. E seu foco é manter essa liderança, afirma Fábio Cristilli, diretor de Internet, VAS e handsets da operadora. Em entrevista para MOBILE TIME, o executivo comentou os últimos passos da empresa nesse segmento, como o aumento das franquias de dados para pré-pagos (30 MB/dia) e pós-pagos (1 e 3 GB/mês) e a disponibilização de 4G para pré-pagos. Comentou também sobre a estratégia de conteúdo móvel, que priorizará serviços de música, segurança e educação. Nesta última área, a operadora está fazendo uma grande reformulação, com a criação de vários novos serviços, muitos deles assinados por celebridades, como Dráuzio Varella, Edu Guedes, Glória Kalil e Solange Frazão.

MOBILE TIME – Quais são as prioridades da TIM em conteúdo móvel neste ano?

Fábio Cristilli – Temos cinco áreas prioritárias: música; segurança; educação; serviços financeiros; e outros entretenimentos.

MOBILE TIME – O que seriam "outros entretenimentos"?

Não posso abrir quais exatamente, mas teremos outras verticais de conteúdo que acreditamos que tenham apelo massivo. A TIM tem histórico de focar em alguns segmentos específicos e aprofundá-los. Posso dizer que teremos uma outra vertical dentro do segmento de entretenimento. É importante esclarecer que não vamos abrir para long tail. As operadoras não têm áreas de VAS (value added services) com muitas pessoas, então é melhor focar em produtos que tenham potencial de crescimento alto e que o cliente realmente queira.

Qual o balanço que você faz do TIMmusic até o momento? (Nota do editor: TIMmusic é o serviço de download ilimitado de música da TIM com cobrança por dia de uso no pré-pago lançado em meados do ano passado).

O balanço é bem positivo. Esperava que o índice de adesão não seria alto porque havia restrição de aparelhos (começamos com três apenas). Então, a estratégia inicial foi de expandir para todos os tipos de smartphones Android e iOS. Depois criamos a versão web, para dongles. Temos 400 mil usuários do TIMmusic e média de 80 downloads por mês cada um. Nossa ideia é que esse serviço continue sendo um dos nossos focos e que se expanda para a nossa base como um todo.

Há planos de lançar uma versão do TIMmusic para Windows Phone?

Por enquanto não.

O índice de churn é menor entre usuários do TIMmusic?

O nível de engajamento é muito maior. Não posso falar de churn. Mas posso dizer que o assinante tende a ser mais fiel.

E na área de segurança? Quais as novidades?

Temos o TIM Protect, que envolve antivírus, wipe out e controle parental para computador. E recentemente lançamos o TIM Backup, com pacotes de até 100 GB, com preços entre R$ 5,90 e R$ 29,90. Tivemos adesão fortíssima do serviço em três meses. O backup tem sinergia muito forte com serviços de Internet e gera engajamento do cliente a partir do momento que bota seu conteúdo lá dentro.

A TIM está testando um app de mensagens OTT junto com seu público jovem do plano TIM beta. Por que lançar um app de mensagens instantâneas próprio? Já não existem muitas opções no mercado?

Estamos em teste ainda. É um app de comunicação integrada. Ele une a principal força da operadora, que é o SMS e a voz, com chat, VoIP e vídeo também. Por enquanto não tem nada igual no mercado. O Viber é forte em voz, Whatsapp, por outro lado, é forte em mensagens. Se lançarmos, pode gerar engajamento grande e simplificação de uso de todos esses meios de comunicação pelo cliente da TIM ou de outras operadoras também. Estamos neste momento capturando feedback dos clientes. E vale lembrar que a plataforma que usamos é compatível com o Joyn. Mas não necessariamente vamos nos integrar ao Joyn.

Há quem preveja que o SMS vai se concentrar em serviços A2P (Application to Peer), enquanto o P2P (peer to peer) migrará para OTT. Você concorda?

A TIM teve crescimento muito forte de receita de SMS de 2011 para 2012. E em 2013 houve desaceleração. Mas no curto prazo não vejo uma canibalização significativa do SMS. Concordo que exista uma diminuição do uso por aqueles clientes que adotaram apps OTT. Mas as duas soluções vão conviver, porque o SMS é a único e universal, 100% da pessoas podem usá-lo. Considerando o modelo de tarifação da TIM, que é ilimitado para mensagens on-net e off-net, talvez os clientes até utilizem menos, mas vão continuar a usar. Ainda mais no caso dos bundles, em que o SMS já vem dentro. Se no exterior houve desaceleração forte, aqui esse modelo (de SMS ilimitado) postergou o processo.

Acredita que Internet móvel patrocinada vai vingar como produto de prateleira ou a parceria entre as teles e o Bradesco foi um caso isolado?

Acho que tem potencial de crescimento forte. Chamamos isso de tarifação reversa. Acho que grandes empresas que têm um meio de acesso significativo pela Internet tendem aos poucos a entrar em negociação com as teles para liberar suas páginas de acesso. Mas isso requer uma negociação conjunta com as teles. No caso do Bradesco levou um bom tempo, mas foi o precursor. Agora deve abrir para outros bancos.

Na oferta de banda larga móvel para pré-pagos, a TIM optou pela segmentação por franquia de dados, enquanto a Claro preferiu separar por velocidade de acesso (embora também tenha uma franquia). Qual modelo deve predominar no mercado brasileiro? Por quê?

No nosso caso, acreditamos que a tecnologia tem que ser transparente para o cliente. Temos Wi-Fi, 4G, HSPA+, 3G, 2G etc. O cliente não entende essas tecnologias. Daqui a pouco vai existir o 5G… O que a gente procura dar para o cliente é o aceso à melhor tecnologia disponível se ele tiver o dispositivo compatível. Essa é uma grande diretriz da empresa. No pós-pago, o cliente só precisa de um chip e de um aparelho 4G para usar a rede onde houver cobertura. Entendemos que é uma mensagem mais fácil de comunicar para o cliente.

Quando a TIM abrirá sua rede 4G para pré-pagos?

Estamos em avaliação interna. Devemos lançar novidades em um curto espaço de tempo.

Acho importante dizer que nosso foco é ter a liderança da onda de Internet móvel no Brasil. Hoje, com quase 40% de penetração de dados na nossa base, somos provavelmente a maior empresa em números absolutos de base de Internet móvel no País, com 27 milhões de usuários. Consideramos como usuário ativo no pré-pago aquele que usou pelo menos uma vez no mês. Percebemos que de um ano para cá a utilização de Internet cresceu muito. Em alguns segmentos dobrou. Por isso lançamos mecanismos de recontratação, principalmente no pré-pago, via SMS, e no pós-pago, via portal. Em paralelo lançamos novos pacotes, com maior franquia, como 30 MB no pré-pago, e no pós-pago pacotes de 1 GB e 3 GB (para uso no celular). Estamos entregando para o cliente o que ele quer: mais Internet.

Esse crescimento no uso de dados não vai sobrecarregar a rede?

Vamos investir R$ 11 bilhões em três anos em rede, com foco em banda larga móvel. Nas regiões onde levamos fibra para as antenas, tivemos melhora significativa de velocidade de download e upload. Estamos nos preparando para esse mundo de Internet.

A banda larga móvel concorre com a fixa no Brasil?

Potencialmente até que sim, concorre. Mas existe muito mercado virgem, porque o cabo não chega a todo lugar. Esses são clientes potenciais de banda larga móvel.

Vivo e Claro prometem transformar todos os seus serviços de valor adicionado (SVAs) em apps este ano. TIM tem a mesma meta?

Estamos fazendo isso. TIMmusic e TIM Backup nasceram com apps. Som de chamada vai ter aplicativo em breve. E toda a nova linha de educação virá com aplicativos.

O que a TIM terá de novidade em educação este ano?

Um ano atrás, quando começamos com  m-learning, tínhamos cursos de espanhol e de inglês, mas era ainda uma abordagem tímida. Os clientes estão ávidos por informação. Quando falamos em educação, queremos dizer em todos os sentidos, não apenas cursos de idiomas, mas cursos em geral, como estilo, moda, culinária. Lançaremos nos próximos dias um curso de inglês em associação com o Wizard, que usará SMS, voz e um app específico, com gamefication, além de site web. Haverá assinatura semanal e mensal. E em alguma áreas usaremos personalidades. Teremos, por exemplo, o Dráuzio Varela no TIM Saúde, que vai começar a partir de abril. Outras verticais serão: TIM Bem-estar, TIM Receitas e TIM Estilo. Tudo isso dentro do TIM Educação. 

Quais serão as outras celebridades?

Teremos o Edu Guedes no TIM Receitas; a Gloria Kalil no TIM Estilo; e a Solange Frazão, no TIM Bem-estar.  Todos esses serviços terão apps Android embarcados.

No ano passado a TIM passou a incluir em seus dispositivos o app Moovit, que coleta informações sobre transporte público fornecidas pelos passageiros. Como funciona essa parceria?

Firmamos essa parceria pensando no benefício para o nosso usuário, que usa muito transporte público. Para a gente é bom porque o cliente acessa a Internet. É uma relação de ganha-ganha. O apoio da TIM aparece dentro do app. A TIM procura se aproximar de parceiros que consigam passar um beneficio a mais para o cliente e melhorar a sua imagem.

Há novas parcerias desse gênero em negociação?

Acertamos com uma rede social de localização, mas não posso revelar o nome por enquanto.

O quase monopólio do Android em smartphones não parece preocupar a TIM. Por quê?

O mais importante é podermos embutir apps que agreguem valor para o cliente e temos essa facilidade no Android. Além disso, temos que oferecer para o cliente o aparelho que ele quer. Hoje, os consumidores querem Android e iPhone.

E Firefox OS?

Acreditamos que exista espaço para outros sistemas operacionais, como Firefox OS, mas não em um modelo de preços subsidiados.

 

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